MyFreeCopyright.com Registered & Protected

quarta-feira, 31 de março de 2010

Exercício



Leia com atenção:
(a) - "Gosto ou tendência de superestimar o passado" é uma das definições de saudosismo nos dicionários.
(b) - "Recordação nostálgica e suave de pessoas ou coisas distantes, ou de coisas passadas" é uma das definições de saudade nos dicionários.

Este blog trata de:

1 - ( ) Opção a.
2 - ( ) Opção b.
3 - ( ) Ambas opções acima.

É um caso a pensar, né?
Eu sinto grande atração pelo passado. Essa atração não me dói. Acho que me ajuda. Algumas vezes, quero me lembrar para me divertir. Outras vezes, para tentar aprender. De qualquer forma, sempre me emociono. A pessoa que sou, devo ao meu passado que conversa com o presente. A pessoa que serei: uma mistura disso tudo acrescentada à sabedoria ou à tolice das escolhas que faço.
Me disse um amigo que "O plantio é livre; a colheita é obrigatória". Isso significando um saber antigo e genuíno de que a gente colhe o que planta.
Eu própria sou um fruto semeado outrora (uva-passa?).Meu DNA já sobrevive na Isabela e no Frederico. É a arte da vida. Eu quero ser lembrada lá na frente. Se tudo correr bem, da mesma forma com que eu lembro dessas pessoas de quem eu falo e para quem eu falo. Da mesma maneira que eu eu divido essas lembranças: Com muito carinho!

Para não dizer que eu não falei das flores:




E.T.: Pessoas, divulguem o blog. Cliquem ali no lado para seguir o blog. Deixem comentários, é muito importante saber o que vocês acham disso aqui!

Fotos: Acervo pessoal.

terça-feira, 23 de março de 2010

Roda Federal


Minas são muitas.
Eu também.
Aliás, precisamos ser, hoje em dia. No trabalho, marco minha posição com responsabilidade, disposição em aprender e a ensinar a aprender. Em casa, procuro manter o equilíbrio entre firmeza e liberdade; carinho, sem melodrama. Na faculdade, estou me readaptando - depois eu conto. Nas lojas, tento, com afinco, que acreditem que tenho condição de comprar alguma coisa e que (pelo amor de Deus!) - me atendam. No condomínio em que moro, espero conseguir parar de ser essa louca que grita e briga no apartamento e me transformar numa lady e ser uma vizinha bem discreta.
Perceberam a incoerência com a falta de "melodrama" aí de cima?
À mesa, prometo, todos os dias - e fracasso invariavelmente - comer devagar, mastigar bem os alimentos, não repetir e não ingerir líquidos junto com a refeição. Na rua, me concentro em não cair ao correr para pegar o ônibus. E é esse detalhe aí, que me trouxe o tema de hoje: eu não tenho carteira de motorista e por isso, sou refém da nossa querida BHTRANS. Se vocês pudessem me ouvir, estranhariam o ranger dos dentes e o rosnado.
Pois bem. Quando falei na Mamãe há alguns dias, esqueci de dizer que ela foi a pessoa mais perseverante que conheci. Ela "levou pau" em 16 (!!!) exames do DETRAN. Passou no 17.º, para a infelicidade do seu Chevette, coitado.
O Papai falava que quando ela aparecia no dia do exame, os examinadores tentavam disfarçar e sair de fininho:
_ Ih... Lá vem aquela "véia"!
Dizia que eles combinaram, na última tentativa:
_ Vamos ter que passar ela... a dona não desiste!
Foi assim que a Baixinha começou a aterrorizar as ruas de Belo Horizonte. Foi assim, que ela entrou na Via Expressa na contramão. E o guarda de trânsito teve que parar o tráfego para ela acertar a direção. E quando ele pediu para ela encostar e reclamou:
_ A senhora nem viu o tamanho da "praca"?
Ela simplesmente disse que não estava enxergando muito bem.
Ele nem teve coragem de multar!
Foi ela que me deu uma carona no dia em que eu estava atrasada para uma prova na faculdade. Mesmo eu alertando várias vezes para ela não perder a entrada que deveria pegar, ela passou direto. Quando eu falei que ela tinha deixado passar a entrada, a Mamãe, simplesmente, começou a dar ré na BR!!!!!!! (não posso usar a quantidade de exclamações que eu gostaria). Um motorista piedoso, atravessou o ônibus que dirigia, bloqueando o trânsito para ela acabar de cometer essa manobra. Tem necessidade comentar que essa locutora que vos fala nem soube em que idioma estava a prova, tem?
Era a própria Olga quem dava seta e virava imediatamente.
Motorista fechado:
_ (buzina disparada e palavrão)
Mamãe:
_ Sem educação!
Eu:
_ Mãe, a senhora deu uma baita fechada no cara!
Mamãe:
_ Eu dei seta, uai!
Eu:
_ A senhora dirige mal demais!
Mamãe:
_ Pelo menos eu não dependo de ninguém!
Bem feito!
Ela tinha toda a razão. O que não impediu, quando ela precisou vender o carro, milhões de suspiros aliviados lá em casa.
A Baixinha era fogo!

Foto: Acervo pessoal.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Agradecimentos




Quero agradecer a vocês todos, que visitam, comentam, compartilham, prestigiam, seguem, se divertem, se emocionam, participam, recordam, contribuem, ... será que esqueci alguma coisa?
É importante saber que existe um eco para a nossa voz. Que nossa emoção faz par com outra emoção.
Alguém muito inteligente já se perguntou: uma árvore que caiu numa floresta distante e ninguém ficou sabendo, realmente caiu? Fez diferença?
Filosofias à parte, deixem-me saber se a árvore (ou a folhinha) que eu derrubei - ou quem sabe, plantei - fez diferença para vocês. Alegrou seu dia? Despertou saudade? Inspirou carinho?
Por isso, vou nomear, aqui, aqueles que comentaram e estão me incentivando a continuar: Adriana, Valéria, Marcinho, Robertinho, Micênia, Roberta, Alexandra, Chico e Paula (não dá pra separar esses dois, dá?), Márcio, David, Roberta, Antônio Carlos, Zeneide, tio Renato, tia Maria Virgínia, Lisiane, César Magalhães, Luciane, Ricardo, Léo, Cristina, Daniel, Daniela, Ana Luíza, Gustavo, Flávio Gatti, Natália Gatti, Carolina Fádel, Pâmela. Muito bacana, pessoal, obrigada. Isso me dá um alento danado!
Agora, vou atiçar um pouquinho a curiosidade ... aguardem que, breve, haverá uma novidade muito irada!!!!
Para não perder a viagem:

O Papai foi ao Rio de Janeiro visitar a tia Vera, que na época ainda morava lá. É claro que não poderia deixar de ir à praia, né? E foi lá, nas "areias de Copacabana", que ele quis fazer uma gracinha. Encarou o mar e gritou:
_ Ô, Netuno, que ondas mixurucas... manda uma grande, aí!
Por acaso (?!?!?), veio uma onda grande mesmo e ele levou o maior caldo! Mesmo sem fôlego e cambaleando, não perdeu a verve:
_ Pô, Netuno... não precisava exagerar!

Foto: Acervo pessoal.

quarta-feira, 17 de março de 2010

A Cara Metade








Olá, pessoal! As postagens estão bem devagar, né? É que a dona aqui resolveu voltar aos bancos escolares e o tempo, que já era contadinho, apequenou de vez. Mas, devagar se vai ao longe... espero!
Espero também dar conta de deixar aqui, uma ideia, por pálida que seja, das pessoas tão ricas que fizeram e fazem parte da minha história. Das nossas histórias.

Era uma vez... um homem apaixonado. Pela vida, antes de tudo. Certa vez encontrou uma criaturinha disposta a encher a sua vida. Encher de alegrias, bravura, problemas. Confiança, companheirismo, filhos. Brigas, viagens, compromisso. Beleza, ciúme, talento. E dividiram a vida. Ela tinha a coragem inversamente proporcional ao tamanho. Seu nome era Olga e ele lhe chamava: Baixinha. Ela inventava mil modas. Cismava em fazer alguma coisa e... não duvidem, fazia mesmo! Foi cabeleireira, enfermeira, trabalhou em escritório e foi atendente de loja chique. Teve lanchonete, fábrica de macarrão, fazia congelados e costurava “para fora” (um termo que não ouço deve ter mais de 30 anos). Foi bordadeira, tricoteira e crochezeira. Fazia flores artificiais, frutas de parafina, pintava quadros e trabalhou como entrevistadora para uma estudante estrangeira que estava escrevendo uma tese de doutorado. Tinha as mãos mágicas e o dedo verde: tudo o que plantava tinha vida longa e beleza. Era uma cozinheira espetacular, mas isso foi lucro pro Papai pois, quando eles se conheceram, no carnaval, ele nem sabia disso e por esta Olguinha deixou uma noiva “a ver navios”. A Baixinha foi sua “vítima” preferida. Exemplo?
Ele falava que a Mamãe não gostava do próprio nome e quis trocar. Foi ao juiz e fez o apelo:

_ Sr.Juiz, meu nome me traz constrangimento e por isso, quero mudá-lo.
_ Qual é o seu nome?
_ Maria Bosta!
_ Tem razão, senhora. A lei lhe permite a troca. Já escolheu o novo?
_ Sim, Senhor: Olga Bosta!
Depois, foi salva, definitivamente, pelo Tunes. Ou não? Outro exemplo?



A Mamãe resolveu, um belo dia, montar uma confecção. Como de costume, quis e fez: sem dinheiro, sem experiência, sem ponto comercial, mas com muita determinação, comprou as máquinas de tecer, de costura industrial, de acabamento, etc. Comprou a matéria-prima e os suprimentos, fios, linhas e aviamentos. Fez alguns cursos, quebrava a cabeça pelas madrugadas aprendendo o “metier”. Começou a produção e como queria mandar imprimir cartões para divulgar a confecção, pediu sugestões para o nome do negócio.
O Papai, nem piscou: OLGA LINHA.


Fotos: Acervo pessoal.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Pequena Análise Fabal






No domingo passado fui à casa da tia Maria Virgínia. Foi um aconchego, um carinho, uma alegria, um desfrute! Entre uma cerveja e outra, interrompidas por uma Torta de Temperos salgada da pontinha da língua. Entre uma Carne ao Molho Madeira maravilhosa e um macarrão supimpa, ela foi relembrando várias histórias do Papai. (Dá pra perceber que, não era só o Papai que era bom de garfo? Filha de peixe...).

Só que eu acredito que a sede, junto com a vontade de comer do Papai, era antes de tudo, apetite de viver. Ele tinha uma ânsia tão grande, uma curiosidade tamanha, que parecia que era seu coração sempre dizendo: Vai, Fábio, se jogue! Aproveite! Mais!

Estava sempre atento. “Cavacava” novidades, inventava aparelhos, adaptava equipamentos. Nada para ele era definitivo: tudo era provisório, pois poderia evoluir e se transformar em algo completamente diferente. Dá para entender?

Ele também tinha uma leve pesada tendência a juntar coisas. Ele detestava jogar objetos fora. Sempre achava que poderia aproveitar para qualquer finalidade. Pois, saibam, ele era uma espécie de colecionador. Colecionava ferramentas, piadas, revistas, vidros, pregos, histórias, parafusos, caixas, casos, madeiras, etc, etc, etc... Tudo organizado de forma absolutamente aleatória. Ou seja, organizado de maneira nenhuma. Quer dizer, bagunçado. Melhor: um CAOS!

Seus equipamentos de pescaria competiam em variedade, quantidade e desorganização. Anzóis misturados com linhas, misturados com iscas (artificiais, massinha de farinha, massa de vidraceiro, minhoca, coração de boi, etc.) que ele embolava tudo e jogava dentro de qualquer sacola de plástico, mesmo tendo embornais e caixinhas cheias de divisões - a propósito - imundas!

Falando em pescaria... Ele topava todas. E acho que nem tanto pelos peixes, porque muitas vezes ele voltava cheio de frutas, queijos, doces, linguiças e cositas mas e... nenhum peixe. Nenhunzinho!

Foi numa pescaria com os filhos da tia Valquíria que aconteceu uma cena inacreditável: Estavam dentro do barco: Papai, o Juca, o Rubinho e não sei mais quem. De repente, o barco sofre um tranco, o Rubinho cai no rio e o Juca, com sua atenção toda especial, nem percebe. No maior sacrifício e correndo um risco enorme, o Rubinho consegue nadar de volta e quando o Juca o vê subindo no barco, encharcado e sem fôlego, pergunta calmamente espantado:

- Uai, que “cê” tá fazendo aí?

Outra do Juca?

O Papai havia pedido um favor para o Juca, e nada ...Então, um tempo depois, ele perguntou:

- Ô, Juca, você fez o que eu pedi para você?

E o Juca, com a mão no queixo, acenando positivamente com a cabeça, fala na maior calma:

- Esqueci com-ple-ta-men-te...

Que saudade!


Fotos: Acervo pessoal.

quinta-feira, 4 de março de 2010

A Vovó Meca



A Vovó era uma doce figura. Seus cabelos finíssimos, como um halo na sua pele tão branca e macia! Suas mãos capazes, tão mágicas! Seus trabalhos de crochê, praticamente rendas, delicados, perfeitos! Seu jogo de Resta Um, que me deixava fascinada. Seu cheiro de delícia! Ninguém deve se espantar das tantas exclamações. Só assim para tentar ser justa.
Sua voz cristalina a me dizer: “Que madrinha mixuruca você arranjou.” E ela foi a madrinha mais perfeita. Ou preocupada: “Flávia, pare de fumar, você está estragando a sua pele!” Parei, Vó! Já faz quase sete anos... O que está estragando a minha pele é só essa praga de gravidade...
Ela tinha a inocência (ou a sabedoria) de acreditar sempre na bondade. Na beleza. Na sinceridade. Um dia, na televisão, passava um programa mostrando a tragédia da seca na África: a miséria, a fome, as crianças magérrimas, desenganadas. O Tiziu chama a vovó:
_ Vem ver, Mãe. Rápido!
A Vovó, sem fôlego, sem nem saber direito o que se passava:
_ Que maravilha!!!!
Como poderia ela imaginar que coisas tão horríveis pudessem ter lugar no mundo? Pois sempre, nos momentos mais difíceis, teve fé na bondade do ser humano.
É que, Vó, você sempre inspirou os melhores sentimentos.
Houve uma vez em que os filhos reunidos contavam o caso de um pinguço que fazia de tudo por uma cachaça. Foi quando alguém propôs que, se ele comesse arroz com barata ganharia uma dose caprichada de pinga. O Tiziu, brincando, fez cara de nojo: “Credo, com arroz!” e a Vovó, crédula, xingou: “Você fica com nojo logo do arroz, né?”
Mesmo atarefada, quando seus filhos iam saindo e se despediam:
_ Bença, Mãe.
_ Deus te abençoe.
_ Bença, Mãe!
_ Deus te abençoe, filho.
_ Bença, Mãe...
_ Vá com Deus, meu filho.
...
Um dia, o papai não a escutou respondendo e gritou, na maior grosseria:
_ BENÇA, MÃE!!!!
E ela, dando o troco:
_ Deus te abençoe, RAIO!


Pois é... tenham um ótimo dia! Fiquem com um pouquinho dessa gostosura de Vovó!

Foto: Acervo pessoal.