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segunda-feira, 14 de março de 2011

O Poder de Fazer Bem



O Papai foi um profissional espetacular. De suas mãos saíam trabalhos lindos. Herança, claro! O Vovô Carlos foi um artista em marcenaria (qualquer dia eu conto do retrato, em marchetaria, que ele fez do Juscelino Kubitschek) e a Vovó Meca, nem da para explicar os primores que faziam suas mãos. Porém, como comerciante... ele era sofrível! Quem tomava frente dos negócios era a Mamãe. Enquanto ficaram por conta do Papai, só pra ilustrar: moramos de aluguel em cada barracão que vou falar.. Melhor, não vou falar, não. Pois é.
Quando algum freguês (naquele tempo não era cliente, não, era freguês, mesmo (igual o CAM) - ficava devendo, o Fabão mandava à (ou pra) pqp e f.... e @#$#@$%$#¨$! A Mamãe, não. Ela negociava, conversava diplomaticamente até conseguir receber.
Só que teve uma vez que ela desistiu. O cara era um ... deixa pra lá... Quem ler esse post aqui terá ideia do que desistir significava para a Mamãe.
Só que eu estava muuuito interessada na grana e pedi para tentar receber: caso positivo, o dinheiro seria meu. Tá? Tá. Então fui eu (deveria ter uns 14/15 anos) para o Mercado Novo de BH, disposta a descolar uns trocados e já preparada para enfrentar um caloteiro. O box do dito cujo estava fechado e o seu vizinho disse que ele ainda não tinha aparecido lá naquele dia, e havia chance do individuo aparecer. Resolvi esperar e, enquanto isso, fiquei olhando aquele homem desmanchando caixotes velhos de madeira, descartando as tábuas (táuba, pro Papai) estragadas e aproveitando as ainda boas para fazer novos caixotes. Que precisão a do moço! Com poucas marteladas, caixote desmontado. Separa, separa e tum, tum... golpes certeiros, caixote terminado e prontinho para ser usado de novo! Vou confessar que nem lembro quanto tempo fiquei lá. Só sei que para mim não foi sacrifício algum. Pelo contrário. Fiquei ali, admirando uma pessoa muito simples e muito capaz, fazendo um trabalho aparentemente fácil (quem já pregou algum prego na vida deve saber a dor e a delícia que é... principalmente se pregar o dedo!). Só sei que ele era um craque. Fazia muito bem sua tarefa.
Fazer bem o que se propõe deveria ser a meta de todos.
Alguns, têm o dom. Outros, desenvolvem com tentativas e erros, com o tempo e com raça!
Sou profunda admiradora dos competentes - quem não é?
Isso tudo é para registrar uma despedida. Um blog que aprendi a admirar e estava aprendendo a entender foi encerrado. O Biscoito Fino e a Massa vai fazer uma falta danada!


E.T.: Recebi o dinheiro! yeah!

Foto 2: Estante de Gunter Parschaik combina caixotes e braços de ferro.

segunda-feira, 7 de março de 2011

O Ruim de Acertar




Quando eu cheguei no ponto de ônibus pela manhã e o "coletivo" veio imediatamente, pensei com meus preguiçosos botões:
- Alguma coisa está muito errada!
E... eu estava completamente certa.
D'xo explicar: Se a gente já mofa nos pontos de ônibus em dias normais, ditos úteis, que dirá em pleno feriado de Carnaval, em B.H. - onde 80% da população racha fora para alguma praia no mínimo 500 Km distante - e que dá pra fazer piquenique na Av. Afonso Pena!
Logo, logo, eu descobri que o supermercado onde estavam aquelas coisas todas de que eu precisava não abriu; também não abriu o outro que deveria ter pelo menos algumas daquelas coisas de que eu precisava e até mesmo o sacolão que poderia ter mínimo das coisas de que eu precisava. Atenção para o fato que mais ou menos 1 quilômetro separava um do outro e eu não ia cair na asneira de pensar que teria a mesma "sorte" do ônibus aparecer tão rápido. Foi "de a pé", mesmo.
Então, toca para casa - aí esperei mais ou menos 40 minutos para a condução passar. E dei sorte.
Mas o que é cansaço para uma cozinheira experiente que não se aperta e acha que, com um ovo, farinha de trigo, meia moranga, 5 batatas da para fazer uma massa de torta bem saborosa.
Daria, se a massa não resolvesse virar um grude que nem se eu tivesse sociedade com a Vilma soltaria da minha mão. Mas nada que uma boa untada na forma e muuuuita paciência não desse jeito. Como todos, talvez, já saibam, agora sou vegetariana. Já que o Léo e a Isabela não estão em casa (exigentes!!!) e o Frederico é muito compreensivo, o recheio da torta seria um refogado suculento com alho, cebola, berinjela, alcaparras, milho verde e algumas especiarias(os derradeiros ingredientes disponíveis na residência Tunes e Sousa). Detalhe que não pode ser ignorado: o Frederico d-e-t-e-s-t-a berinjela. Outro detalhe que não posso relegar ao esquecimento: o refogado virou uma coisa babenta e sem graça que só o Universo explica!
Comemos. Fazer o que?
Mas prometi para o Frederico que ele seria recompensado mais tarde. Foi assim que descongelei um peito de frango e levei ao fogo para cozinhar para desfiar e fazer umas coxinhas para o lanche agora da noite. Enquanto temperava o frango pensei que minhas agruras dariam um post razoável. Vim para cá escrever.
Quero deixar bem claro - são 19:19h - acabo de voltar da cozinha: o caldo em que o frango cozinhava secou, queimou, a casa está empesteada com uma fumaça horrorosa e está chovendo, portanto, não posso abrir as janelas o suficiente para esse fedor sair mais rápido.
Se, eu disse se, o telefone funcionar, vou pedir uma pizza!


sexta-feira, 4 de março de 2011

Tudo Começou num Carnaval!



Era uma vez, numa época remota na linda cidade de Belo Horizonte, então conhecida como Cidade Jardim, um rapaz muito simpático e muito noivo chamado Fábio Tunes. Acreditem, aquele descendente de italiana e português, tocava tamborim em um bloco caricato chamado Os Bocas Brancas da Floresta - o que comprova que de batuque ninguém pode tentar entender. E já que falamos de Brasil, mesmo no pacato estado de Minas Gerais, tinha chegado o Carnaval!
Naquele tempo o Carnaval tinha outra cara: a serpentina não matava, o lança-perfume só perfumava, e o verbo era brincar o Carnaval, não, se acabar. As pessoas se fantasiavam em vez de se uniformizar com os abadás da vida... Enfim (mesmo não estando no fim da história), quero deixar bem claro, o Carnaval tinha mesmo outra cara.
Nessa mesma época, havia uma mocinha muito simpática e graciosa e bonita e sapeca chamada Olga (Olguinha para os amigos) que havia fugido de casa para brincar o Carnaval (entenderam o sapeca?).
É que naquele tempo, para uma donzela ir para uma balada exigia uma operação mais ou menos complicada: tio/tia, irmão mais velho - de companhia - , vizinha implicante e fofoqueira espreitando pela janela, mocinhas à beira de um ataque de nervos planejando fugas espetaculares, pais severos que proibiam as filhas de tudo que poderia fazê-las "faladas", mães que se ajoelhavam com um terço nas mãos pedindo para a Quarta-Feira de Cinzas chegar logo, etc.
Foi assim que num suave sarau animada folia de 1960, se encontraram os nossos heróis. Ela, vestida de Peter Pan; ele, com a cara pintada de preto, boca pintada de branco, camisa listrada, por aí. Entre martelinhos de plástico, confetes e samba legítimo, começou uma paquera (ancestral da azaração) que: detonou um noivado (nosso irresponsável simpático mocinho não voltou à casa da noiva nem para dar tchau ou qualquer satisfação), um ano depois se transformou em casamento e cujo um dos três frutos lhes escreve nesse momento.
Os carnavais vieram e se foram. Inúmeros. Mas aquele foi especial. Que inexplicável e maravilhosa é a vida! De atos subversivos surgiu uma união - tempestuosa, mas união.
Eu nem sou muito chegada em Carnaval, mas posso me considerar uma filha legítima da mais brasileira das festas, sou descendente da folia!