Cada um que nasce recebe seu dom de se fazer ser.
Para encarar o compromisso nada de coragem, de sensatez, de confiança ou loucura pode ser desperdiçado.
Cada pedaço da vida pede ousadia: para seguir com devoção ou liderar com energia, para inventar ou adaptar, para permitir ou negar, porque não há ensaio. A vida é ao vivo (dã)!
E cada um interpreta o script do seu jeito: Só não há espaço para canastrões, aqui.
A platéia é implacável; a crítica, formidável e o pagamento, imprevisível.
Mas o espetáculo, mesmo, acontece sorrateiro nos bastidores. É na solidão do backstage que, junto ao espelho, você descobre seu rosto. E ao comparar a atuação com a sua verdade, marca pontos quanto mais se aproximam.
Quanto eu me pareço comigo? Não é fora de mim que a resposta espera.
Não posso querer contentar a assistência inteira.
Há quem pede comédia no meio do meu drama, e vaia.
Há quem quer suspense quando eu sou clown, e apupa.
Até na minha tragédia existe gargalhada.
Então, é vã a minha busca pelo aplauso unânime e inútil esperar qualquer estatueta.
Minha missão é escrever cada ato e me tornar digna do papel.
Se eu me reconhecer já é suficiente.