quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Alta Gastronomia
O Papai não agradava de frescura.
Gostava de tudo muito simples.
Gostava de tudo. Simples.
Gostava de tudo, muito.
Menos de cebola, mas se ele não visse a dita cuja, comia também.
Para ele a medida era fácil: mais.
Cotidiano Frugal
Levantava de manhã e ia tomar café. Para não perder tempo procurando a sua caneca - tinha que ser caneca, e de plástico(!) e grande(!!) - colocou um ganchinho no armário para dependurar, bem à mão. Tomava café com leite. Aí ia para a mesa e comia o que tivesse: pão com manteiga, rosca, bolo, biscoito, etc, etc e tal. Se tivesse todos esses, comia de tudo. Tomava café puro. Depois ia para a cozinha e tomava leite puro. Dava uma enxaguadinha básica na caneca e pendurava de novo. Não precisa dizer que a tal caneca ficava ensebada e a gente tinha que jogar fora e comprar outra, precisa?
Como ele trabalhava na oficina nos fundos da casa, portanto muuuuito longe, ele levava uma merendinha fundamental: bananaS, maçãS, quaisquer frutas à disposição, incluindo melancia e abacaxi. Antes do almoço (que tinha que ser às 11:30), ainda dava um pulo na cozinha para um lanche rapidinho, geralmente, coalhada.
Não fazia questão de muita variedade nas refeições, desde que tivesse pimenta.
Não dá para explicar o fanatismo dele por pimenta. Só quem olhou o arroz vermelhiiinho no prato dele pode ter ideia. Só quem o viu colocar pimenta até no queijo-de-minas ou no pão percebe o drama. Uma vez, dei de presente pro Papai um vidro de pimenta que comprei no Mercado Central: vários tipos de pimenta em camadas numa linda composição! A primeira coisa que ele fez foi despejar tudo no liquidificador e fazer uma maçaroca bem nojenta, blergh!
Intoxicação
Já que eu falei de quantidade e falei de fruta, deixa eu contar da vez em que ele foi pescar lá no alto São Francisco. Pediu para alguns meninos da região arranjarem caju. Eles trouxeram um balaio cheio de uns cajus pequenininhos que o Papai comeu como tira-gosto das cachaças que ia tomando. Depois de algum tempo ele, já passando mal e todo empolado, contou trinta e tantas 'caretinhas' de caju. O pessoal que estava junto achou que ele ia morrer! Ele sobreviveu à intoxicação assim como sobreviveu o costume dele de comer fruta de tira-gosto.
Mais uma do tio Rúbio
... E já que eu falei em pescaria vou falar também de uma certa ocasião em que foi uma turma da família 'dar uma pescada'. Eles iam acampar na fazenda de um conhecido, mas como chegaram tarde da noite, a dona da fazenda ofereceu um canto para eles ficarem até a manhã seguinte. Arranjou uns colchões de palha e já ia dizendo 'boa noite' quando o tio Rúbio perguntou:
_ Será que não faz mal a gente dormir de barriga vazia, não?
Depois das gargalhadas ela ainda providenciou um franguinho esperto pro pessoal. Anfitriã da melhor qualidade!
Fotos: Acervo pessoal.
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