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domingo, 23 de maio de 2010

Histórias da Panair



A tia Vera Tunes fez parte da incrível história da Panair, mais uma das vítimas da ditadura (com seus quase cinco mil funcionários). Um tempo que ela guarda e ao mesmo tempo divide conosco: mágicas da memória! Histórias dos colegas que por suas brincadeiras, eram enviados, “de castigo” para as rotas do norte do Brasil, Pará-Amazonas, onde arranjavam outras e mais exóticas brincadeiras:

Existe um tipo de tartaruga, chamada tracajá ou cracajá, que ao eclodir dos ovos, são muito pequenininhas, aproximadamente 6mm. Pois um dos colegas da tia Vera, o Joca, encheu a cama de uma turista americana dessas criaturinhas e ela fez um bruto escândalo, reclamando que a cama estava cheia de pulgas ENORMES!

De outra vez, ele estava levando uma cobra dentro do avião e danada fugiu. Foi descoberta enquanto se esgueirava pelos maleiros que ficam acima das poltronas, provocando a maior confusão.

Um caos aconteceu na ocasião em que uma passageira resolveu contrabandear rãs num vôo que ia para Paris. Alta noite, luzes apagadas, o avião sobrevoava o Atlântico. De repente alguém entra na cabine do comandante para avisar que tem um sapo na poltrona. Um sapo? Impossível! Luzes são acesas. Começa a gritaria. Que sapo, que nada. São dezenas de rãs que estavam em uma maleta que acabou se abrindo sabe-se lá como! E comissárias e passageiros começam uma caçada surreal pelos ares.

Aconteceu numa viagem, uma pane no avião. A bordo, o ator Lex Barker, sucessor de Johnny Weissmuller, como Tarzan. A aeronave ficou em reparos por três dias em Dacar, no Senegal. O comandante brincou:
- Com Tarzan a bordo, só poderíamos mesmo descer na África!
Só que Barker embarcou no mesmo dia para o Brasil, enquanto a tripulação, aproveitou a “folga”. Uns, pegaram o dinheiro das diárias e as comidas do próprio avião e, para economizar, não puseram o pé fora hotel. A tia Vera e sua companheira, uma uruguaia chamada Íris, passearam até! Em Lisboa, antes de embarcar, a íris havia comprado uma metralhadora de brinquedo para dar ao sobrinho e ao passar pela aduaneira, ia metralhando, de brincadeira, os guardas senegaleses que entraram na onda e fingiam que eram acertados e “morriam” levando as mãos ao peito!
Foi muito divertido, contou a tia Vera. Mas mais divertido foi ver, quando os colegas “econômicos” contavam o dinheiro que haviam juntado, notas e notas voando pela praia e sendo apanhados pelas crianças do Senegal. É que eles se reuniram na sacada do hotel à beira mar e, nesta região, ocorrem ventanias muito fortes e repentinas.
Nem dinheiro, nem passeio. Bem feito!


Agora, um caso de Londres.
A equipe de comissários foi passear num daqueles ônibus de dois andares. Um dos passageiros do double-decker , como são chamados, vestindo um terno muito alinhado, com sobretudo e guarda-chuva na mão, havia deixado o seu chapéu coco no banco ao lado. O colega da tia Vera comenta com a turma:
- Vou fingir que não vi e sentar em cima do chapéu desse inglês engomadinho.
Foi quando – surpresa! – o “lord britânico” fala, no mais perfeito português:
- No meu chapéu você não vai sentar, não!
Coisas do tempo da Panair!

Vídeo: Tirei daqui: (http://www.youtube.com/results?search_query=panair&aq=f) e Foto: (http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL186281-5602,00-LONDRES+REABRE+MUSEU+DO+TRANSPORTE+ENFOCANDO+METRO+E+ONIBUS.html)

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