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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Fungando no Natal


Na véspera do Natal, quando estava no ônibus a caminho de Oliveira, eu fiquei ouvindo uma menininha conversando com os pais. Isso me trouxe tantas lembranças!

Abrindo um parêntese:
Tem muita gente que faz das viagens, maratonas. Uma correria louca. Essa gente perde sempre: às vezes, a própria vida; outras, a vida alheia.Isso é trágico! Mas perde também a grande oportunidade de saborear a essência da viagem, a alternância das paisagens, o troca-troca do clima, a administração da ansiedade e a jornada mental, pois divagar é a viagem dentro da viagem, um combo excepcionalmente agradável.
Fechando o parêntese.

A vantagem de ser "entrada em anOs" é ter um estoque bem legal de lembranças. E porque eu já fui criança, fiquei tentando reavivar os sentimentos que eu tinha quando o Natal chegava. A expectativa exuberante calibrada em fragrâncias. Os cheiros de todas as etapas dessa celebração: cheiro de chuva, cheiro do musgo no presépio, cheiro dos assados, cheiro da cera recém passada na casa... Foi então que me lembrei de um cheiro que era o supra sumo dos meus natais.

Abro outro parêntese:
E não é que faz muitos e muitos anos que eu não tenho notícias do Supra Sumo? Um drops que vinha numa embalagem que parecia de remédio. Pesquisei no amigão Google e vi que ainda existe, mas a embalagem... quanta diferença! Vou ver se acho para comprar e se o sabor ainda é o mesmo. Depois eu conto.
Fecho o parêntese.


Pois então: o cheiro campeão era o ... da boneca que eu ganhava de presente!
Sim!!!! Eu fui criança que ganhava, e brincava de, boneca. Não eram as mais caras, não era em todos os natais, mas eram adoradas. E que cheirinho delicioso! Como é que um plástico pode ter tal poder de encantar uma menina e sequestrar o seu nariz para sempre?
As bonecas não mais fazem parte do meu mundinho. Mas as lembranças delas passeiam na minha vida. A presença delas está a um milésimo de segundo do meu querer. Assim como estão os bichos que eu já tive, as pessoas que eu encontrei, as ruas onde brinquei, os livros que eu devorei (nhac! eram minha refeição predileta), e tudo isso passa pelo meu olfato, esse porteiro mágico da recordação.
Poderia ficar horas, dias, anos, recitando a poesia dos cheiros. Cada fungada uma história.Cada história uma testemunha da riqueza do meu viver.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Desejos


 Nesse Natal, quando eu acordar sabendo falar, pelo menos, seis idiomas (Não pode ser 7, que é conta de mentiroso e eu também quero acordar a pessoa mais autêntica e verdadeira do mundo) todas as pessoas, ainda assim, continuarão gostando de mim. Um tipo de Bônus.
Trinta quilos mais magra, mas sem pelancas, encontrarei um cartãozinho de garantia extendida da boa forma,independentemente do que eu coma, e com o selo de autenticidade do Procon.
(Uma lágrima rola pelo cantinho do olho).
Obviamente, vou ficar ma-ra-vi-lha-da por ter conseguido ler o tal cartão sem os óculos e ainda mais,  vou conseguir enxergar também de longe sem os ditos cujos.
Pretendo ser surpreendida pelo sorriso mais branco e e cintilante do universo: o meu - quando for correndo me olhar no espelho. By the way, a corrida não me provocará taquicardia como habitualmente.
A banheira estará cheia de espuma, a água na temperatura perfeita e pétalas de alfazema espalharão um perfume sutil no banheiro.
Vestidinho florido, sandálias combinando, desço para o encontrar a família.
No meio daqueles pacotes todos que estarão debaixo da árvores de 2 metros de altura, sairá correndo uma gatinha com um laço de fita enorme em volta do pescoço. Ela foge do cachorrinho com cara de sapeca que insiste em mastigar o laço.
A bagunça será completa. Aquele tanto de gente rindo e conversando enquanto a música toma conta da casa e o cheirinho da torta de maçã se mistura com o das rabanadas e o dos panetones.

Quer saber?
Não rola...
Nem no sonhar eu estou conseguindo alguma satisfação.
Eu quero é um pouco de coragem para encarar a vida real. E um pouco de desapego das materialidades. Pode ser um bocado de sabedoria para começar a construir uma vida mais saudável em vez de esperar que a saúde venha correndo atrás de mim?
Que tal pensar mais nos outros e esquecer um pouco do umbigo aqui?
Pois é, Flávia, tome tento e assuma: o Natal é um dia qualquer.
De preferência aquele em que se descobre quão pequenos nós somos e quanto precisamos uns dos outros.
Natal não é seguir a estrela. É olhar para o lado.
Bom Natal, gente!