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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Fungando no Natal


Na véspera do Natal, quando estava no ônibus a caminho de Oliveira, eu fiquei ouvindo uma menininha conversando com os pais. Isso me trouxe tantas lembranças!

Abrindo um parêntese:
Tem muita gente que faz das viagens, maratonas. Uma correria louca. Essa gente perde sempre: às vezes, a própria vida; outras, a vida alheia.Isso é trágico! Mas perde também a grande oportunidade de saborear a essência da viagem, a alternância das paisagens, o troca-troca do clima, a administração da ansiedade e a jornada mental, pois divagar é a viagem dentro da viagem, um combo excepcionalmente agradável.
Fechando o parêntese.

A vantagem de ser "entrada em anOs" é ter um estoque bem legal de lembranças. E porque eu já fui criança, fiquei tentando reavivar os sentimentos que eu tinha quando o Natal chegava. A expectativa exuberante calibrada em fragrâncias. Os cheiros de todas as etapas dessa celebração: cheiro de chuva, cheiro do musgo no presépio, cheiro dos assados, cheiro da cera recém passada na casa... Foi então que me lembrei de um cheiro que era o supra sumo dos meus natais.

Abro outro parêntese:
E não é que faz muitos e muitos anos que eu não tenho notícias do Supra Sumo? Um drops que vinha numa embalagem que parecia de remédio. Pesquisei no amigão Google e vi que ainda existe, mas a embalagem... quanta diferença! Vou ver se acho para comprar e se o sabor ainda é o mesmo. Depois eu conto.
Fecho o parêntese.


Pois então: o cheiro campeão era o ... da boneca que eu ganhava de presente!
Sim!!!! Eu fui criança que ganhava, e brincava de, boneca. Não eram as mais caras, não era em todos os natais, mas eram adoradas. E que cheirinho delicioso! Como é que um plástico pode ter tal poder de encantar uma menina e sequestrar o seu nariz para sempre?
As bonecas não mais fazem parte do meu mundinho. Mas as lembranças delas passeiam na minha vida. A presença delas está a um milésimo de segundo do meu querer. Assim como estão os bichos que eu já tive, as pessoas que eu encontrei, as ruas onde brinquei, os livros que eu devorei (nhac! eram minha refeição predileta), e tudo isso passa pelo meu olfato, esse porteiro mágico da recordação.
Poderia ficar horas, dias, anos, recitando a poesia dos cheiros. Cada fungada uma história.Cada história uma testemunha da riqueza do meu viver.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Desejos


 Nesse Natal, quando eu acordar sabendo falar, pelo menos, seis idiomas (Não pode ser 7, que é conta de mentiroso e eu também quero acordar a pessoa mais autêntica e verdadeira do mundo) todas as pessoas, ainda assim, continuarão gostando de mim. Um tipo de Bônus.
Trinta quilos mais magra, mas sem pelancas, encontrarei um cartãozinho de garantia extendida da boa forma,independentemente do que eu coma, e com o selo de autenticidade do Procon.
(Uma lágrima rola pelo cantinho do olho).
Obviamente, vou ficar ma-ra-vi-lha-da por ter conseguido ler o tal cartão sem os óculos e ainda mais,  vou conseguir enxergar também de longe sem os ditos cujos.
Pretendo ser surpreendida pelo sorriso mais branco e e cintilante do universo: o meu - quando for correndo me olhar no espelho. By the way, a corrida não me provocará taquicardia como habitualmente.
A banheira estará cheia de espuma, a água na temperatura perfeita e pétalas de alfazema espalharão um perfume sutil no banheiro.
Vestidinho florido, sandálias combinando, desço para o encontrar a família.
No meio daqueles pacotes todos que estarão debaixo da árvores de 2 metros de altura, sairá correndo uma gatinha com um laço de fita enorme em volta do pescoço. Ela foge do cachorrinho com cara de sapeca que insiste em mastigar o laço.
A bagunça será completa. Aquele tanto de gente rindo e conversando enquanto a música toma conta da casa e o cheirinho da torta de maçã se mistura com o das rabanadas e o dos panetones.

Quer saber?
Não rola...
Nem no sonhar eu estou conseguindo alguma satisfação.
Eu quero é um pouco de coragem para encarar a vida real. E um pouco de desapego das materialidades. Pode ser um bocado de sabedoria para começar a construir uma vida mais saudável em vez de esperar que a saúde venha correndo atrás de mim?
Que tal pensar mais nos outros e esquecer um pouco do umbigo aqui?
Pois é, Flávia, tome tento e assuma: o Natal é um dia qualquer.
De preferência aquele em que se descobre quão pequenos nós somos e quanto precisamos uns dos outros.
Natal não é seguir a estrela. É olhar para o lado.
Bom Natal, gente!

domingo, 13 de novembro de 2011

Minha dupla está ficando mais velha!

Se Deus chegasse, um dia, e falasse assim:

- "Preciso de alguém que aceite cuidar de dois seres, feitos de carne e de osso, muito coração e, no início, pouco cérebro. Essas criaturas serão doces e frágeis, farão alguma sujeira e muita bagunça. Precisarão de atenção constante e cuidado permanente. Crescerão muito rápido, no mesmo ritmo em que chegarão a rebeldia e os questinamentos. Nada muito sério, mas pode ser um pouco irritante. Tem que ter calma, mas pulso firme, senão desanda. É importante saber que haverá  conversas, risos, carinho e descobertas. Mas acompanham choros, cara amarrada, preocupação e uma dose caprichada de corpo mole. Muita beleza, muita graça, muita cumplicidade.
Preciso de alguém que queira tanto bem que, às vezes, sentirá falta de ar.
Preciso de alguém totalmente disposta a se entregar e a aprender a conhecer tanto a timidez quanto a confiança; a inteligência e o talento, a ironia e até o mau humor.
Preciso de alguém que queira conviver com o inesperado - e goste disso.
Preciso de alguém que queira  amar profundamente."

Aí, adivinha quem entraria primeiro na fila? E  duas vezes!
 Parabém filhotes!

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Exercício de pensar





Temos que cuidar para não construirmos nosso discurso em cima de preconceitos, porque aos preconceitos faltam legitimidade e comprovação. Não podemos usar falsas premissas, pois que essas invalidam a conclusão. Temos que alicerçar nossa construção em fatos. Quantas vezes criamos nossos caminhos, nossas crenças, nossa falas, enfim, nossa vida, sobre inverdades. É como construir sobre bolhas de sabão: quando elas se desfizerem, nada ficará de pé, o que restar é escombro.
Me faz lembrar quando, nos desenhos animados, o personagem vai "escalando" o ar e, de repente, percebe que não tem coisa alguma sob os pés. Na animação é engraçado.
Mas me faz lembrar, também, ocasiões em que se vê o demoronamento de obras, às vezes grandes áreas onde o terreno não tinha substrato suficiente. Aí, não é engraçado mais.
Quando acolhemos os pensamentos, as ideias e os ideais, o componente, emoção, participa regulando a intensidade do nosso apego. Desse componente não se exige muito pois ela já ocupa, naturalmente, nosso caráter ou nossa alma. Mas do elemento, razão, dependerá a matéria-prima das nossas escolhas.
Nesse momento, tudo faz diferença, tudo se deve julgar, todos os cuidados importam.
Importa o exercício de pensar. Não aquele intuitivo, instintivo, mas o pensar embasado no conhecimento, no exercício intelectual, analítico.
Por isso me preocupam os que raciocinam com o fígado, os que digerem o discurso alheio mal intencionado, questionável, mas inquestionado. Atento para o risco da ideologia emprestada sem reflexão e lamento os movimentos provocados pela mais nova modinha.
Quem quer que levante a voz, a própria voz, tenha por garantia a consciência e a honestidade da busca da verdade. Não do preconceito e da discriminação irrefletida.
No entanto, mesmo que venha errada e capengando, que venha a voz despida do ranço do ódio.
Porque quando a bolha estourar, é preferível o ar vazio e  puro, que a destruição do rancor.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Abandonado!


Que pena desse blog abandonado!
Não desista, Só Se For Com Queijo!
A sua dona, aquela desnaturada, voltará.
E trará nos braços, digo, dedos, a redenção à qual você anseia!
Muita força!
Fortaleça a sua esperança e mostre que você merece sobreviver!

domingo, 11 de setembro de 2011

Espetáculo


Cada um que nasce recebe seu dom de se fazer ser.
Para encarar o compromisso nada de coragem, de sensatez, de confiança ou loucura pode ser desperdiçado.
Cada pedaço da vida pede ousadia:  para seguir com devoção ou  liderar com energia, para inventar ou adaptar, para permitir ou negar, porque não há ensaio. A vida é ao vivo (dã)!
E cada um interpreta o script do seu jeito:  Só não há espaço para canastrões, aqui. 
A platéia é implacável; a crítica, formidável e o pagamento, imprevisível.
Mas o espetáculo, mesmo,  acontece sorrateiro nos bastidores. É na solidão do backstage  que, junto ao espelho, você descobre seu rosto. E  ao comparar a atuação com a sua verdade,  marca pontos quanto mais se aproximam.
Quanto eu me pareço comigo? Não é fora de mim que a resposta espera.
Não posso querer contentar a assistência inteira. 
Há quem pede comédia no meio do meu drama, e vaia.
Há quem quer suspense quando eu sou clown, e apupa.
Até na minha tragédia existe gargalhada.
Então, é vã a minha busca pelo aplauso unânime e inútil esperar qualquer estatueta.
Minha missão é escrever cada ato e me tornar digna do papel.
Se eu me reconhecer já é suficiente.


quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Pretéritas Delícias



Faz muito, muito e demasiado tempo que uma doçura não se dissolve - nuvem de coco - no céu da minha boca deliciada.
Obra das artes do Papai, quem diria, virado em doceiro finíssimo.
A Mamãe dava o ponto. Mas quem mais teria braços para "puxar" as balas, trabalho pesadíssimo?
Explico: As balas delícia da minha infância quem fazia era o Papai. Nós ficávamos lá, enchendo a paciência, querendo ajudar (mas atrapalhando), sentindo o cheiro fabuloso e salivando como estou agora.
A receita é simplíssima: leite de coco e açúcar.
Modo de fazer, moleza:
1)  é preciso uma panela bem grossa. Lá em casa usava-se a panela de pressão;
B) é proibido mexer. (Senão açucara, e o trabalho, ingredientes e expectativas, bau bau!);
3.º) é necessário despejar no mármore untado com manteiga.
IV) mas o pulo do gato, o X da questão, onde a porca torce o rabo, o vamos ao que interessa, é o ponto. A hora certinha de tirar o doce da panela.
Five) Força no muque, porque agora é pegar aquela "massa" quente, amarela e dura e, esticar, dobrar, juntar; esticar, dobrar, juntar;  esticar e dobrar e juntar ( o Papai dizia, puxar) até que ... mágica: vai ficando elástica e branquinha. Então é dar uma torcidinha básica - questão de estética, saca?
Depois disso, é  cortar com tesoura (dava até calo nos dedos!), esperar secar (ou não), embrulhar nos papéis de seda com as extremidades desfiadas e se esbaldar!
O nome corresponde ao fato: Delícia!
E me provoca uma saudade tão grande!
Servidos?


quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Eu não desisti. Só adiei!


Às vezes é necessário um fôlego.
É como recarregar as baterias, abastecer o combustível da vida.
O flex da minha vida é o sonho. Tanto este que eu tenho dormindo quanto esse que eu construo acordada.
Só que a vida não tem só o MEU sonho.
Uma teia de sonhos alheios se liga à minha.
Se os meu castelos forem suficientemente fortes, sobreviverão ativos e firmes no canto em que os acomodar.
Hibernar, pode ser uma palavra adequada.
A primavera, certamente, virá!

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Glub Glub

Glub Glub
Compromisso. Obrigação. Dever.
Glub Glub
Imposição. Necessidade. Encargo.
Glub Glub
Contrato. Exigência. Sujeição.
Glub Glub
Tarefa. Coação. Dívida.
Glub Glub
Incumbência. Conta. Satisfação.
Glub
Glub
G l u b
G l u
G l
G...





terça-feira, 26 de julho de 2011

Friiio!






Faz frio. Isso afeta minha preguiça, meu sono, meu apetite, minhas férias e meus pés.
Lembro da Mamãe, com suas tantas calças e tantas mais meias correndo atrás das nesgas de sol.
Não fui ao cinema e só mesmo a expectativa de encontros queridos me tira de casa.
O vento me ameaça como arma.
O chuveiro me irrita ao contar gotas.
Pendurar roupas molhadas me  agride.
O azul do céu invernal perdeu para o cinza, vergonhosa e infelizmente.
É por isso que eu...
Sonho com lareiras e sopas escaldantes. Tomo chocolate quente perfumado com canela.
38° na banheira (se a tivesse).
Pijama de flanela, como os que eu usei na infância e também usaram o Frederico e a Isabela. Com florezinhas ou bichinhos delicados.
Filmes intimistas ou comédias. Porque a alma fria suplica!
Vinho e queijo e pão italiano.
Conversas intermináveis e casos de pavor.
Fogueirinha, céu estrelado e piadas entre tremores.
Abraços são benvindos. Histórias sob as cobertas. Mantas de lã coloridas. 
Ideias avulsas de uma "dona" saudosa e enregelada.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Escavações


Aqui vamos nós. Camada após camada de nós. Com o que nascemos, o que nos foi dado, o que sofremos, o que ganhamos, com quem vivemos, o que conquistamos, ou mesmo perdemos mas deixou marcas em nós.
Estamos aqui, em vias de não estarmos mais porque mudamos a cada mísero instante.
Mas nossa bagagem vem junto.
No momento de alegria, cavamos um pouquinho e achamos aquele sorriso tão nosso conhecido.
Este nos contagia.
No momento de angústia, cavamos mais um pouco e recolhemos aquela força de que precisamos e que está ali: infalivelmente.
E ela nos ampara e nos suporta.
Experiências? Aos montes! Em cada cavacada, uma. Igual minhoca.
Lembranças? Essas, não precisa nem cavar. Vêm pulando ao nosso alcance. As boas e as nem tanto. Até as horrorosas, mas que também ficam ali marcando nosso relevo vital (cacófato ordinário!).
Mas e daí? Quem quer viver na planície árida e tediosa?
Aqui vamos todos. Cultivando nossa paisagem.
Nossos vales soturnos, declives perigosamente escorregadios, íngremes desfiladeiros, morros dos ventos inebriantes (pensaram que eram uivantes? Enganei todo mundo).
A família é uma rocha, ou uma gema preciosa. Às vezes, uma pedrada mesmo. E dolorosa!
Cada amizade um regato, ou um turbilhão -  ou um lençol submerso em profunda identidade. Nos refresca ou faz lama, que importa? Esculpe nossa jornada.
Aquilo que não deixou marca, foi o cisco insignificante.
Porque até o vento; principalmente o vento, cantante, agressivo, frio ou reverberante, enfeitou nossa existência.
E ainda vamos... Escavando o nosso destino.
Imenso destino porque é nosso e nada é por acaso!
Atentos, soberbos desbravadores.
Colecionando horizontes, preservando os vestígios. 
Quem lerá nossas entranhas?
Que contará nosso fóssil?
O que for, é real e deslumbrante.


 

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Eu Aceito

Eu aceito o frio de hoje, mas que ele venha colorido.
Aceito a ausência, mas que ela me conte uma história.
Eu aceito a briga que termina em beijo e abraço.
Eu aceito o grito, acompanhado de guitarra, baixo e bateria.
Aceito o fogo se a fumaça cheirar a alfazema.
E a sede, caso venha ao por do sol.
Aceito o adeus, com relutância e o olá, com alegria.

Pode acontecer  a fome e a lágrima embaladas em lã branquinha que eu dou meu peito. Sorrindo.
Não renego a lama nem o pó do caminho, meus pés estão descalços.
Acolho a presunção inocente e o orgulho encabulado.
Até mesmo a dor eu pego, se ela vem coberta de mel de flor de laranjeira.
A culpa é bem vinda, latindo e abanando o rabo.
Aceito a estupidez bem humorada.
Aceito o mau gosto carinhoso, o ridículo bem intencionado e o esquecimento sincero.

Recebo a fadiga e o suor com sais perfumando a água.
Aceito a manha com saia de xadrez.
Admito a perfeição com a Angelina.
Aceito a vaidade com batom e Chanel n.º 5.
Aceito a mentira aconchegante com chá e biscoitos amanteigados.

Eu aceito qualquer coisa, desde que não venha sozinha.

domingo, 10 de julho de 2011

Escândalo!


Por algum motivo (?!?!) lembrei de um causo acontecido numa das festas da família.
Aí que esse acontecimento provocou uma celeuma danada ( Papai pronunciava "celéuma", o fofo!).
Não lembro da data da festa, não lembro do motivo da festa (precisa?), nem lembro a roupa que eu usava - viu, como não faz sentido nenhum a gente se descabelar procurando "A" roupa?
Mas eu lembro muito bem que tinha chopp, comilança, muita música, muitos tios e primos (ué, não era festa da família? dã!) e numa certa hora, a primaiada toda cantando "La Bamba".
Ta todo mundo careca de saber que essa música pode, ou não, acabar...(igual Andança). Depende do teor alcoólico da turma e, na ocasião, tinha alcançado os píncaros do Pico da Bandeira (pra não sair do país, sabe como é, passaporte, visto, etc).
Foco, Flávia, mantenha o foco!
Então.
La Bamba na 36.ª vez do refrão e o Robertinho me inventa de improvisar na letra:

- Minha avó é maconheira, por ti seré, por ti seré, por ti seré... Bamba , Bamba...
Ô povo sem respeito!


Foi bom demais!
E tem gente que não gosta de festa, af!!


sexta-feira, 8 de julho de 2011

Muito

O tanto que eu gosto é muito.
Eu aprecio quando entorna pelas beiradas ou quando ultrapassa o limite (assim como o chantilly sobrando da taça).
Tenho uma queda pelo excesso e pelo exagerado.
Meu limite é um pouco além do recomendado. Acho que quase tudo é ótimo, desde que não seja pouco... Economizar me parece um desperdício, em tese. Guardar para quê, se o amanhã pode nem haver? Há quem exercite essa incongruência, vá lá: o mundo é bem grande e nele cabem todos os tipos. É até bom que alguém o faça, porque se depender de mim...
As cores da minha cartela gritam. Meus amores são extremados e, ainda bem, nunca odiei!
A minha festa ideal começa um pouco mais cedo e dura até depois da ressaca que, claro, é um pouco mais pior. (Não adianta o corretor do Word vir dar pitaco no meu texto... é “mais pior” mesmo. Além disso, ainda que não seja poesia, vou assumir a tal da licença poética, tá?) .
Minha comida peca por um tanto a mais de alho, cebola e pimenta ou manjericão. E em questão de quantidade, geralmente é o dobro. O meu doce tem chocolate e leite condensado e creme de leite e fruta, certo?
Crise de riso, para mim, é normal, muitas vezes até engasgo.
Meus choros se chamam pranto e costumam acabar com edema dos olhos, rouquidão (por causa dos soluços) e duas Neosaldinas ® para combinar com o quarto escuro.
Costumo me envolver demais em tudo, sou boba demais e minhas raivas são terríveis!
Falo pelos cotovelos, joelhos e omoplatas.
Se tenho que fazer, que seja logo. Se tenho que esperar, já vou deitando. 
Leio cinco livros ao mesmo tempo, ouço uma música dez vezes seguidas, fácil, fácil...
Tenho a sorte de não ser religiosa: risco iminente de fanatismo...
Extremamente ansiosa, absolutamente dramática, beiro a histeria. Ou ultrapasso?
Consigo trafegar do otimismo mais exuberante ao pessimismo mais paralisante e meu psiquiatra jura que eu não sou bipolar!

Eu me pergunto 763 vezes por dia: será que eu tenho conserto?

domingo, 3 de julho de 2011

À Roda



Um belo dia, quando estava mostrando para o Frederico e a Isabela um filme do Mazzaropi, apareceu uma cena em que algumas crianças brincavam de roda. D.Isabelinha disse:
- Nossa, que brincadeira mais besta!
Na hora eu ri e quase concordei. Parecia mesmo besta, ficar andando em círculos, cantando uma musiquinha meio bobinha, de mãos dadas umas com as outras... Tédio!
Depois, eu encalacrei na minha cabeça o pensamento: Puxa, será que eu era besta, mesmo? Porque eu adorava brincar de roda!
Por muito tempo isso me "rodiava" no pensamento.
Até que, de repente, não mais que de repente, resolvi sair à cata de mim mesma, lá nos tempos remotos em que ser besta era comum e descobrir a explicação, de uma vez por todas, do porquê de tanta besteira.
Descobri um montão de coisas, espia:
Descobri que ser criança não tem explicação, porque ser criança é que ensina as coisas. As explicações, só complicam.
Percebi que estar com amigos é tão bom, mas tão bom, que dispensa qualquer pretexto ou subterfúgio. E se, além de estar com os amigos, a gente ainda pode tocar neles... então é a glória! Imagina sentir a força e a delicadeza das mãos que compartilham nossas aventuras, medos, alegrias, raivas, enfim, nossa vida! Sentir a pulsação, o suor dos corpos num ritmo comum nos torna UM! Insuperáveis! Indestrutíveis! Admiráveis!
Tudo isso, ao som de uma melodia que não precisa muito intelecto. Só a certeza de que tem música a embalar nossa vida. A música que veio antes do nosso ser, a música simples e primordial, dos tempos imemoriais e, por isso, inesgotável.
E ainda tinha ar livre. Tinha presente a ausência do "adulto" (quem precisa vigiar crianças brincando de roda?) supervisor.
Tinha o movimento repetitivo, quase hipnótico na sua regularidade. Puro instinto: continue a rodar - diria a Dory.
E, acima de tudo, tinha a despreocupação. Nada importava. A não ser estar ali. 100% ali. Completamente.
Mais tarde, nós, adultos de todas as idades, vamos procurar insistentemente a mesma sensação. De pertencer completamente a um momento, a um grupo e a um existir. E pagaremos caríssimo por isso. Drogas, empregos, casamentos, comportamentos que propiciem aquele abandono e aquele bem estar. Não tem o melhor rodador, nem o melhor cantor, nem o mais rápido,nem o mais bonito. Melhor é o quanto mais amigos. Melhor é o fazer junto e ao mesmo tempo e na mesma intensidade..
Acho que a Isabela nunca saberá a complexidade de uma brincadeira de roda - a não ser que participe de uma. E, mesmo assim, sendo uma criança de uma era que precisa de bites e bytes pra provocar emoção, talvez não tenha a bestagem suficiente. Crianças que já nascem competindo: o melhor carrinho de passeio, a mamadeira mais tecnológica. O quarto mais cheio de design e a escolinha que mais cedo prepare para o vestibular, símbolo mor da possibilidade de ser um winner!!!!
O último Ipod e a rave mais descolada trazem prazeres diferentes.
A maturidade precoce dos nossos sarados jovens poliglotas os preparam para um tempo diferente, escolhas diferentes, é claro.
Talvez o que a nossa Terra (essa que brinca de roda com os outros planetas do universo) precise, é de gente um pouco mais besta para que, juntos, no ritmo puro da cirandinha, tenhamos um bocado mais de paz e de felicidade.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

100.ª!!!




Essa é a postagem n.º 100!!!
Acredite quem quiser (EU), consegui manter um projeto por todo esse tempo.
Quem me conhece sabe da dificuldade que tenho em persistir.
Tirando o que é essencial, não consigo me manter por muito tempo nas coisas.
Tenho tantos e tão diferentes interesses que me disperso constantemente. É sem querer, mesmo. Quando vejo, já deixei para trás um hábito, já perdi contato com alguém, já venceu um prazo, já perdi uma oportunidade.
Às vezes, consigo resgatar, às vezes, não.
Talvez o motivo do blog estar "durando" tanto seja a importância que é, para mim, manter as lembranças e as querências.
Se tem uma coisa essencial, é essa tal de afetividade.
Me apego ao passado? Sim, pois ele explica meu presente e está tão cheio de tesouros, de preciosidades.
Me apego às pessoas? Sim, mesmo quando, aparentemente, me desligo delas. Cada qual faz parte desse quebra-cabeças que estou a montar.
Adoro histórias, aprecio conversas preguiçosas, gosto de lembrar, me agrada escrever. Então, junto tudo isso aqui e vamos indo...
Não é sempre que se tem a oportunidade de pescar um momento lá do fundo da alma e trazê-lo pra superfície.
Este é um exercício muito bom, me aquece, nesse inverno!
Assim como me refrescou no verão passado, a lembrança leve de uma piada antiga ou de uma recordação encabulada.
Uma palavra solta, um som ouvido sem saber de onde, um cheiro, um sonho, me ligam o recordômetro... Eu viajo e mesmo quando, infelizmente, muitas vezes, não consigo escrever na hora, viram laços que vou deixando por aí e que, subitamente, se ligam a outros e me trazem pra cá, onde pinto e bordo uma paisagem tão querida!
Se alguém compartilha comigo dessa vista, a companhia é muito benvinda.
Cada comentário me ilumina o dia. É uma força para continuar.
Então, por 100 vezes abri uma brecha na vida e espiei o que já foi.
Em 100 ocasiões marquei um X no (meu) importante.
E... pela centésima vez eu digo aos que me acompanham: valeu e está valendo!


domingo, 12 de junho de 2011

ELA!



Nós sempre combinamos.
Como o pardal combina com o bodoque!
Não sei se porque ELA era a caçula e recebia toda a atenção.
Ou se porque ELA conseguia tudo que queria.
O que eu sei é que foi por causa dELA que eu apanhei um bocado!
(Claro que eu tinha a tendência de ignorar que não era legal pegar um tanto de lama e jogar na cabeça dELA e dizer:"Olha o cocô da vaca").
Normal.
Ou será porque sempre que tinha uma festa, quem fazia uma birra federal e acabava indo dormir na casa de uma tia? Sim, Amigo Leitor. ELA!
Talvez um ciuminho básico porque no aniversário dELA (praticamente gêmea com Santo Antônio) tinha comida típica, canjica e etc.?
Óbvio que rolou muito bate boca, ironia e de uma voar nos cabelos da outra! Inveja porque ELA tinha um cabelo lindo e o meu era uma b... ?(complete com aquilo que você está pensando).
Normal. - De novo?!
Pode marcar TRA (Todas as Respostas Anteriores, para quem nunca fez prova de múltipla escolha).
Mas o importante é que no meio disso tudo emergiu uma admiração.
Em algum momento despertou o respeito.
Depois, veio gratidão.
E carinho, sim, apareceu também.
De repente me dei conta de que alguém aí amadureceu, cresceu, batalhou, venceu!
Sei lá, parece meio esquisito ficar elogiando, assim... mas, fazer o quê?
ELA merece, né?
Adriana, PARABÉNS!!! Feliz Aniversário!
Custou, mas você conquistou uma fã!

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Afinidade é...




Estou numas de reaproximação com pessoas que participaram - prazerosamente - da minha vida. Lembranças e planos mil. E nos blablablas do Facebook e nas navegâncias da blogosfera, caí de cabeça aqui. E foi assim que "chupei" esse texto que só tem(!) haver com o momento:

"A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos. O mais independente.

Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as distâncias, as impossibilidades. Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto, no exato ponto em que foi interrompido. Afinidade é não haver tempo mediando a vida.

É uma vitória do adivinhado sobre o real. Do subjetivo sobre o objetivo. Do permanente sobre o passageiro. Do básico sobre o superficial. Ter afinidade é muito raro.

Mas quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar.
Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as pessoas deixaram de estar juntas.
O que você tem dificuldade de expressar a um não afim, sai simples e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.

Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos fatos que impressionam, comovem ou mobilizam. É ficar conversando sem trocar palavra. É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.

Afinidade é sentir com.
Nem sentir contra, nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo.
Quanta gente ama loucamente, mas sente contra o ser amado.
Quantos amam e sentem para o ser amado, não para eles próprios.

Sentir com, é não ter necessidade de explicar o que está sentindo. É olhar e perceber. É mais calar do que falar. Ou quando é falar, jamais explicar, apenas afirmar.

Afinidade é jamais sentir por.
Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo.
Mas quem sente com, avalia sem se contaminar. Compreende sem ocupar o lugar do outro. Aceita para poder questionar.
Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.

Só entra em relação rica e saudável com o outro, quem aceita para poder questionar.
Não sei se sou claro: quem aceita para poder questionar, não nega ao outro a possibilidade de ser o que é, como é, da maneira que é. E, aceitando-o, aí sim, pode questionar, até duramente, se for o caso. Isso é afinidade.

Mas o habitual é vermos alguém questionar porque não aceita o outro como ele é. Por isso, aliás, questiona.
Questionamento de afins, eis a (in)fluência.
Questionamento de não afins, eis a guerra.

A afinidade não precisa do amor. Pode existir com ou sem ele. Independente dele. A quilômetros de distância.
Na maneira de falar, de escrever, de andar, de respirar.
Há afinidade por pessoas a quem apenas vemos passar, por vizinhos com quem nunca falamos e de quem nada sabemos.
Há afinidade com pessoas de outros continentes a quem nunca vemos, veremos ou falaremos.

Quem pode afirmar que, durante o sono, fluidos nossos não saem para buscar sintomas com pessoas distantes, com amigos a quem não vemos, com amores latentes, com irmãos do não vivido?

A afinidade é singular, discreta e independente, porque não precisa do tempo para existir.
Vinte anos sem ver aquela pessoa com quem se estabeleceu o vínculo da afinidade!
No dia em que a vir de novo, você vai prosseguir a relação exatamente do ponto em que parou.
Afinidade é a adivinhação de essências não conhecidas nem pelas pessoas que as tem.

Por prescindir do tempo e ser a ele superior, a afinidade vence a morte, porque cada um de nós traz afinidades ancestrais com a experiência da espécie no inconsciente. Ela se prolonga nas células dos que nascem de nós, para encontrar sintonias futuras nas quais estaremos presentes.

Sensível é a afinidade.
É exigente, apenas de que as pessoas evoluam parecido.
Que a erosão, amadurecimento ou aperfeiçoamento sejam do mesmo grau, porque o que define a afinidade é a sua existência também depois.

Aquele ou aquela de quem você foi tão amigo ou amado, e anos depois encontra com saudade ou alegria, mas percebe que não vai conseguir restituir o clima afetivo de antes, é alguém com quem a afinidade foi temporária. E afinidade real não é temporária. É supratemporal.

Nada mais doloroso que contemplar afinidade morta, ou a ilusão de que as vivências daquela época eram afinidade. A pessoa mudou, transformou-se por outros meios. A vida passou por ela e fez tempestades, chuvas, plantios de resultado diverso.

Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças, é conversar no silêncio, tanto das possibilidades exercidas, quantos das impossibilidades vividas.

Afinidade é retomar a relação do ponto em que parou, sem lamentar o tempo da separação.
Porque tempo e separação nunca existiram. Foram apenas a oportunidade dada (tirada) pela vida, para que a maturação comum pudesse se dar.
E para que cada pessoa pudesse e possa ser, cada vez mais, a expressão do outro sob a forma ampliada e refletida do eu individual aprimorado."
- Arthur da Távola -


E é assim!

sábado, 4 de junho de 2011

Da Licença?


Meu quase meio século de vida trouxe um pouco de experiência, autoridade e sabedoria...ou quase isso. O que eu vivi, aquilo que provei e tudo por que passei deixaram marcas e me fizeram o ser político que sou, a mãe possível que sou, a mulher mais ou menos que sou e por aí afora. Tento entender a sociedade em que vivo - sem muito sucesso, procuro contribuir para a preservação do planeta e busco ser pragmática no meu cotidiano, pero sin perder la ternura. Principalmente, estou atenta à dor e à delícia de ser o que sou.
Mas, pôxa, da licença de conversar bobagens de vez em quando?
Da licença de ter uma certa breguice?
E daí se ponho uma foto engraçada no Facebook?
Da licença de ter ataque de riso?
Da licença de chorar quando vejo um filme, comercial de cachorro ou ouço uma música especial?
Que importa se eu converso com qualquer um e se cumprimento quem eu não conheço?
Da licença de sentir melancolia e de ter saudade de outros tempos?
Qual é o problema de ser piegas?
Ser de "esquerda", ofende?
Da licença de trocar o salão de beleza por um livro?
E defender minhas ideias, pode ser?
Da licença de gostar de jiló?
Da licença de a-do-rar chocolate?
(Mas não juntos)
Posso escolher ser vegetariana?
É permitido tomar "umas" de vez em quando e ficar "altinha"?
E querer comentários no blog, pode?
(Isso é um recado, gente, comenta aê!)
Da licença de querer assistir 2 filmes, um atrás do outro?
Da licença de detestar novela?
Da licença de não ter carro e não saber dirigir?
Da licença de perder as estribeiras de vez em quando?
É pecado duvidar?
Algum problema em ter algumas certezas?
Da pra gostar de bicho, ou não?
Provavelmente não estarei aqui para comemorar meu centenário de nascimento, o que será uma pena!
Por isso, por muito mais que isso, da licença de eu ser eu e tentar ser feliz?

Foto: Gentileza da Leninha, tirada em maio de 2010.

terça-feira, 31 de maio de 2011

O Resgate


Este blog está na UTI, coitado!
Negligência, abandono... opróbio!
A redatora está sem tempo, mas quem sabe vire a redentora desse espaço já cheirando a mofo e cheio de teias de aranha.
Quando nasceu a ideia, brotou a responsabilidade do lado. E foi fondo... foi fondo... As memórias surgiam aos borbotões. Os casos faziam fila: conta eu!
Então a bruxa má da correria sequestrou os assuntos. E o blog começou a definhar... igual na história do Joãozinho e da Maria.
- Me mostra o seu dedinho!
Risco nenhum: magrinho, magrinho... Um post aqui e outro lá longe!
E o tempo naquela doideira, o chato.
Começou a prática da procrastinação (sabia que ainda ia usar essa palavra - sonho antiiiigo!): Amanhã eu escrevo. Depois eu posto. Domingo, sem falta.
E o amanhã passou, o depois 'cascou fora' e o domingo já virou terça-feira.
Foi!
E o blog aqui, anêmico, franzino.
Começa agora a Operação Resgate.
Resgatar é recuperar, liberar do risco, quase uma ressurreição.
Resgatar amizade, um amor, lembranças...
Resgatar do pretérito os substantivos e os verbos tão necessariamente presentes: atenção e cuidar.
É o que me falta nesse momento: o cuidado, a atenção, o dedicar.
Tudo o que importa precisa de cultivo, da presença.
Eis-me aqui, Coriolano!
E pra mostrar que não é brincadeira, vou contar um causo:
Quando eu era pequenininha, lá... nos idos de 19... tinha as mãos muito gordinhas mas quase nas pontas dos dedos dava uma "amassadinha". Ninguém nunca tinha posto reparo no fato e o problema foi exatamente isso. O Fabinho, muito quieto e bonzinho, apertou minha mão na porta e o berreiro trouxe a Mamãe correndo. Quando ela pegou minha mão e viu o estrago
- Coitada, amassou a mão da pobrezinha!
O Fabinho pagou o (f)pato, claro!Levou uma surra federal.
Só depois de muito tempo que a Mamãe reparou: as duas mãos eram(*) iguaizinhas!

(*)Detalhe: ainda são.


domingo, 8 de maio de 2011

Encomenda


- Pois não, Senhora. O que vai levar dessa vez?
- Quero um filme com o Gary Cooper, uma travessa de pastéis, uma saia xadrezinha plissada e uma blusa branca de cambraia. Quero um cheiro de talco passado logo após o banho e voz de contralto cantando 'Solamente una Vez'. Pode acrescentar um bonito bordado com linhas Varicor.
- Mais alguma coisa, Senhora?
- Por favor: Pezinhos tamanho 33 em sapato tipo Cinderela, sabe? Aquele bem delicadinho, mesmo não sendo de cristal?
- Sim, Senhora. Tem preferência de cor?
- Preto. Aliás, de verniz preto. Cabelos brancos. Ela era louca por cabelos brancos e tinha tão poucos!
- Vou providenciar, Senhora. Algo mais?
- Um jardim cheinho de plantas. Variadíssimas: roseiras, flores-de-maio, begônias, avencas, samambaias...
- Pode acrescentar uma horta?
- Pode, sim. Se tiver algumas árvores de fruta, ponha junto, por favor.
- Perfeitamente.
- Um fogão com um forno enorme!
_ Sim, Senhora.
_ Ah... acrescente um vídeogame!
- Vídeogame?
- Sim, Ela adorava jogar o Super Mário. Moderninha como o quê!
- É só?
- Não, uma última coisa: Blusas e meias de lã. Era friorenta, a Baixinha!
- Embrulhar tudo junto? Para presente?
- Não... É só para sonhar, mesmo. É que ela faz muita falta!





Feliz Dia das Mães! Aproveitem!


Imagem 1: Arquivo pessoal.
Imagem 2: tirei dqaqui: http://www.freeprettythingsforyou.com/


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quarta-feira, 4 de maio de 2011

Gracias a La Vida de Valéria








Para aquela que ma apresentou os Buendía, os Irmãos Karamazov e o Sidarta.
Para aquela que me levava aos shows do Tarancón.
Para aquela que me levava para acampar na "Bica" em Glaura.
Para aquela que me emprestava as fitas K-7 com Elis Regina, Milton Nascimento, Ednardo e Belchior.
Para a mãe do Felipe, que me mostrou que podemos ter dons que nem imaginamos (maternidade é um deles).
Para aquela que vive falando besteiras e nem imagina como é amada e admirada!
Gracias, Varélia, a tia que não é chamada de tia, mas é amiga chamada de amiga!

domingo, 24 de abril de 2011

Mais que Ovos e Coelhinhos



Desejo um dia feliz para todos.
Para os ateus e os cristãos e os pagãos e judeus e os mulçumanos e os budistas e ... os todos os seres humanos que procuram uma Passagem para uma vida mais irmã.
Tenho fé na força das pessoas que criam. Tenho confiança nas pessoas que agem. Tenho esperança num futuro construído por pessoas conscientes.
Saber de nossa finitude significa lembrar que as transformações, ou passagens, às quais estamos sujeitos, nos tornam responsáveis. Pelo que somos e pelo que nos tornamos. E pelo que deixamos.
Que nossa passagem deixe marcas.
De bondade, de tolerância, de solidariedade e de alegria.
Boa Páscoa e, que lá na frente, nossa transformação seja um desabrochar.
Como flores.
Como metamorfose de borboletas.
Como ovos eclodindo vida!


sexta-feira, 22 de abril de 2011

Fulô e Cia



Qualquer um que tenha ou já teve um cachorro é privilegiado.
Isso significa ter sido amado e idolatrado, salve, salve!
Incondicionalmente amado: com mau hálito, despenteado, bravo, chorando, pagando mico ou posando de herói.
Dono de cachorro (na verdade, eles é que são nossos donos) é O Cara!
Quem nunca descreveu seu cachorro: Só falta falar!
Pois a Fulô, essa coisinha aí da foto, não falta. Ela fala mesmo! Bate longos papos com a gente. Meio uivo, meio latido, ainda vou aprender essa língua. Ela já aprendeu a nossa: toma e passear são as suas palavras favoritas.
Quando a Isabela começou a ensinar alguns truques (senta, deita, rola) ela só faltou cantar o hino nacional: faz qualquer coisa por um petisco - inclusive sentar, deitar e rolar, tudo junto e ao mesmo tempo. Aprendeu também o idioma dos objetos pois entende direitinho o que significa o barulho de afiar a faca, de pegar a tábua de carne (será por que?) e de pegar a coleira.
O mais impressionante é a total ausência de censura. Ela não tá nem aí... arrota, lambe, enfia a cara por todo lugar. Atropela o gato, voa no pescoço do Fritz (seu marido), pula no colo da gente, deita na cama, arranha a perna de quem está sentado comendo... Educação, zero. Em compensação, é companhia para todas as horas,minutos e segundas (intenções).
Preguiça nula. Se eu levantar 347 vezes de onde estiver sentada ela levanta junto e me acompanha. Nem adianta falar que eu não demoro... ela não se importa.
Adora dar susto na gente! E enganar o Fritz. Finge que escuta alguma coisa muito importante, late, sai correndo e o bobo vai atrás. É pura mentira... eu chego a ver seu riso de deboche.
Uma veterinária chegou a comentar que nunca tinha conhecido cachorra mais feliz.
Ela não percebeu que felizes somos nós, que convivemos com tamanha ternura!



O Fritz, é de outra natureza. Nós o encontramos na rua. Uma sujeira tremenda... Ele nos escolheu. Entrou na nossa vida meio por acaso. Parece que está sempre pedindo licença e desculpa. Um anjo com quatro patas, peludo e humilde. Detesta o Ferdinando, mas não reage nem quando o danado do gato bate nele. Sabe que eu não aprovaria uma agressão. É doce e bonzinho.




O Ferdinando compete com a Fulô em atrevimento. Só que nele tudo é pensado. Um verdadeiro calculista. Ensaia os movimentos e escolhe só os mais elegantes! Pensa se vai aceitar ou não um pedaço de carne... na maioria das vezes, despreza olimpicamente.
- Vê seu eu vou me rebaixar a tanto! Eu como na hora que EU quero...
Mas entrega seu lado carente: vai chegando devagar e deita perto de mim na cama. E dorme... como dorme!
Educado por demais, bebe água com calma, come com calma, mia languidamente.
E a vida aqui em casa vai seguindo. Em ótima companhia.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Frigir dos Ovos



Hoje, fica a dica do Beto Magalhães, primo querido e divulgador-mor do Só Se For Com Queijo.
Quem souber da autoria, é só por a boca no trombone... que a gente coloca os pingos nos iii - para sair do assunto comilança!

Pergunta:
Alguém sabe me explicar, num português claro e direto, sem figuras de linguagem, o que quer dizer a expressão "no frigir dos ovos"?


Resposta:
Quando comecei, pensava que escrever sobre comida seria sopa no mel, mamão com açúcar. Só que depois de um certo tempo dá crepe, você percebe que comeu gato por lebre e acaba ficando com uma batata quente nas mãos. Como rapadura é doce mas não é mole, nem sempre você tem idéias e pra descascar esse abacaxi só metendo a mão na massa.
E não adianta chorar as pitangas ou, simplesmente, mandar tudo às favas.

Já que é pelo estômago que se conquista o leitor, o negócio é ir comendo o mingau pelas beiradas, cozinhando em banho-maria, porque é de grão em grão que a galinha enche o papo.
Contudo é preciso tomar cuidado para não azedar, passar do ponto, encher linguiça demais. Além disso, deve-se ter consciência de que é necessário comer o pão que o diabo amassou para vender o seu peixe. Afinal não se faz uma boa omelete sem antes quebrar os ovos.

Há quem pense que escrever é como tirar doce da boca de criança e vai com muita sede ao pote. Mas, como o apressado come cru, essa gente acaba falando muita abobrinha, são escritores de meia tigela, trocam alhos por bugalhos e confundem Carolina de Sá Leitão com caçarolinha de assar leitão.

Há também aqueles que são arroz de festa, com a faca e o queijo nas mãos eles se perdem em devaneios (piram na batatinha, viajam na maionese... etc.). Achando que beleza não põe mesa, pisam no tomate, enfiam o pé na jaca, e no fim quem paga o pato é o leitor que sai com cara de quem comeu e não gostou.

O importante é não cuspir no prato em que se come, pois quem lê não é tudo farinha do mesmo saco. Diversificar é a melhor receita para engrossar o caldo e oferecer um texto de se comer com os olhos, literalmente.

Por outro lado, se você tiver os olhos maiores que a barriga o negócio desanda e vira um verdadeiro angu de caroço. Aí, não adianta chorar sobre o leite derramado porque ninguém vai colocar uma azeitona na sua empadinha, não. O pepino é só seu, e o máximo que você vai ganhar é uma banana, afinal pimenta nos olhos dos outros é refresco... Já ia me esquecendo, quem tem olho grande não entra na China.

A carne é fraca, eu sei. Às vezes dá vontade de largar tudo e ir plantar batatas. Mas quem não arrisca não petisca, e depois, quando se junta a fome com a vontade de comer, as coisas mudam da água pro vinho.

Se embananar, de vez em quando, é normal, o importante é não desistir mesmo quando o caldo entornar. Puxe a brasa pra sua sardinha, que no frigir dos ovos a conversa chega na cozinha e fica de se comer rezando. Daí, com água na boca, é só saborear, porque o que não mata engorda.
Entendeu o que significa “no frigir dos ovos”?



Beijo, Beto!

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Escrever colorindo





Pegue 3 espelhos de 15 X 4 cm aproximadamente.
Junte-os na forma de prisma com a parte espelhada para dentro.
Pera aí... Para tudo!
Vou dar passo-a-passo não. Brincadeira!
É que o assunto hoje, é caleidoscópio.
Um artefato fascinante, lindo e surpreendente que muda e transforma irrepetíveis, coloridos e brilhantes padrões.
O assunto também pode responder quando o Frederico e a Isabela ficam me perguntando por que eu mantenho o Só Se For Com Queijo, com seus 30 imutáveis seguidores (sendo que, por incompetência minha, 3 deles sou eu mesma! Hehehe).
Então está aí. O blog para mim funciona como juntar 26 pedrinhas mágicas e alguns acessórios (... : ; ! ? - " ") e criar um mundo de cor, sonho e forma. Pintar um quadro com o presente e com o passado (esse meu refúgio que por mais triste ou confuso tenha se mostrado, foi meu e dele saio inteira: sobrevivi).
Além de tudo, esse caleidoscópio eu posso compartilhar. Posso alegrar ou comover. Posso despertar lembranças ou estimular decisões.
É um espaço querido, onde recebo olhares e carinhos que a nossa correria diária não permite. Mantenho contato, convivo.
Aos meus 27 seguidores e aos que com eles me fazem companhia na minha "arte", beijos de 'muito obrigada '!...!"!..."! (só para enfeitar...).

sábado, 9 de abril de 2011

Coisas



No mundo existem pessoas, animais e coisas.
As coisas podem ser, coisas que ocorrem: "Me aconteceu uma coisa estranha...", ou coisas...coisas: "Me passe essa coisa aí."- que para nós, mineiros, pode ser traduzida por 'trem' - e coisas sentimentos: "Nunca senti uma coisa tão forte!".
Coisas, pessoas e animais se juntam e passam a ter o nome de causas e consequências.
E aí, as coisas começam a complicar.
Como separar e descobrir o que é um, o que é outro?
O que é um beijo? É a causa de uma paixão ou a consequência de um encantamento?
A reprovação no final do ano é a causa de lágrimas ou a consequência da falta de compromisso? A fé que cura, a crença que destrói.O que causa a guerra? Quais os frutos da ambição? A escravidão provocou a miséria, mas o que trouxe à escravidão?
O macaco veio antes, persiste durante mas, existirá depois do homem?
Acredito piamente que uma das minhas maiores missões é mostrar para a Isabela e o Frederico que tudo, tudo mesmo, tem uma razão. E, principalmente, tem um efeito em nossas vidas. E que temos em nossas mãos a responsabilidade de escolher, porque depois disso feito, o resultado terá, obrigatoriamente, a cara, a voz, o toque, a cor, o som e o sabor da nossa escolha.
A minha cara feia e o meu sorriso fecham e abrem portas. A minha mão estendida levanta ou empurra. O fogo incendeia e assa. O vestido cobre e desnuda. O professor que grita e o pedreiro que ensina. O gato que espreguiça e o touro que chifra. O átomo que cria a vida e Hiroshima. Os amigos amparam e colegas podem ferir. O poder que distribui e o que rouba.
As pessoas, os animais e as coisas. Estão todos aí.
Qual a qualidade dos laços que os unem?
Qual será, meu Pai, a minha herança? Que coisas marcarão o meu legado?
A flor, o cão, a risada, a confiança.
O breu, a ira, a humilhação e lágrimas amargas.
Quantos plantarão um bebê sorrindo num parquinho ensolarado?
Quantos colherão uma arma avermelhando os uniformes?

sábado, 2 de abril de 2011

Inseparável




Ela me espreita do canto do quarto. Fica com o olho comprido e quando eu menos espero... vupt: Pula no meu cangote e me esgana o pescoço.
Às vezes, fica debaixo da mesa. Como quem não quer nada, passeia por ali e, num instante já me pula no colo.
Algumas ocasiões, fica gritando no meu ouvido. Outras, me sussurra como em um sonho. Anda dentro da minha bolsa, compartilha a escova de dente. Senta perto de mim na poltrona e até frequenta a bancada do computador.
Escandalosamente me recorda as falhas. Não me polpa de sua presença nem nos finais de semana ou feriados. Quando eu acho que tirou umas férias, era fingimento... "olha eu aqui 'traveiz'".
No trabalho, costuma me esperar dentro da gaveta ou até mesmo em cima da mesa, ó que ousadia! Na sala de aula, fica dentro do caderno, igual àquelas flores secas que a gente costumava guardar de recordação.
Sai de dentro do saleiro, na cozinha. Ou da lata de leite condensado. Adora ocasiões especiais e festas. Nessas horas, já achei a danada na espuma do chopp e até mesmo debaixo de um granulado do brigadeiro. Normalmente do oitavo. Ou décimo quinto... sei lá.
Já me perseguiu no shopping. Livraria, então! É infalível.
À noite, quando eu vou beijar os meninos adormecidos, ela fica pairando sobre a cama.
Quando estou atrasada. Quando estou com raiva. Se eu sinto preguiça ou mesmo se estou muito feliz. Ela arranja qualquer pretexto. Só não me deixa.
Me aponta a pobreza. Me mostra o desperdício.
Me sacode no sono, às vezes de madrugada!
Late junto com os cachorros, quando eu chego tarde, à noite.
Mia com o gato, pela manhã, pedindo comida.
Me acusa cheia da terra que ressecou nos vasos das plantas.
Me repara a roupa larga, me chama a atenção para as unhas sem esmalte e a cara lavada.
Fica horrorizada com meu comportamento tão... povão! Rosna para minhas atitudes politicamente incorretas. Joga o dicionário e a gramática na minha cara.
Se intromete no banheiro e na minha conta corrente.
É atrevida, irônica, maldosa e, principalmente, não tem cerimônia alguma.
Eu já tentei penitências, indiferença, terapia. Antidepressivo, torta de chocolate e até jejum. Já implorei, fiz ameaças e até arrisquei um pacto. Mas não tem jeito.
Essa culpa não me larga.

segunda-feira, 14 de março de 2011

O Poder de Fazer Bem



O Papai foi um profissional espetacular. De suas mãos saíam trabalhos lindos. Herança, claro! O Vovô Carlos foi um artista em marcenaria (qualquer dia eu conto do retrato, em marchetaria, que ele fez do Juscelino Kubitschek) e a Vovó Meca, nem da para explicar os primores que faziam suas mãos. Porém, como comerciante... ele era sofrível! Quem tomava frente dos negócios era a Mamãe. Enquanto ficaram por conta do Papai, só pra ilustrar: moramos de aluguel em cada barracão que vou falar.. Melhor, não vou falar, não. Pois é.
Quando algum freguês (naquele tempo não era cliente, não, era freguês, mesmo (igual o CAM) - ficava devendo, o Fabão mandava à (ou pra) pqp e f.... e @#$#@$%$#¨$! A Mamãe, não. Ela negociava, conversava diplomaticamente até conseguir receber.
Só que teve uma vez que ela desistiu. O cara era um ... deixa pra lá... Quem ler esse post aqui terá ideia do que desistir significava para a Mamãe.
Só que eu estava muuuito interessada na grana e pedi para tentar receber: caso positivo, o dinheiro seria meu. Tá? Tá. Então fui eu (deveria ter uns 14/15 anos) para o Mercado Novo de BH, disposta a descolar uns trocados e já preparada para enfrentar um caloteiro. O box do dito cujo estava fechado e o seu vizinho disse que ele ainda não tinha aparecido lá naquele dia, e havia chance do individuo aparecer. Resolvi esperar e, enquanto isso, fiquei olhando aquele homem desmanchando caixotes velhos de madeira, descartando as tábuas (táuba, pro Papai) estragadas e aproveitando as ainda boas para fazer novos caixotes. Que precisão a do moço! Com poucas marteladas, caixote desmontado. Separa, separa e tum, tum... golpes certeiros, caixote terminado e prontinho para ser usado de novo! Vou confessar que nem lembro quanto tempo fiquei lá. Só sei que para mim não foi sacrifício algum. Pelo contrário. Fiquei ali, admirando uma pessoa muito simples e muito capaz, fazendo um trabalho aparentemente fácil (quem já pregou algum prego na vida deve saber a dor e a delícia que é... principalmente se pregar o dedo!). Só sei que ele era um craque. Fazia muito bem sua tarefa.
Fazer bem o que se propõe deveria ser a meta de todos.
Alguns, têm o dom. Outros, desenvolvem com tentativas e erros, com o tempo e com raça!
Sou profunda admiradora dos competentes - quem não é?
Isso tudo é para registrar uma despedida. Um blog que aprendi a admirar e estava aprendendo a entender foi encerrado. O Biscoito Fino e a Massa vai fazer uma falta danada!


E.T.: Recebi o dinheiro! yeah!

Foto 2: Estante de Gunter Parschaik combina caixotes e braços de ferro.

segunda-feira, 7 de março de 2011

O Ruim de Acertar




Quando eu cheguei no ponto de ônibus pela manhã e o "coletivo" veio imediatamente, pensei com meus preguiçosos botões:
- Alguma coisa está muito errada!
E... eu estava completamente certa.
D'xo explicar: Se a gente já mofa nos pontos de ônibus em dias normais, ditos úteis, que dirá em pleno feriado de Carnaval, em B.H. - onde 80% da população racha fora para alguma praia no mínimo 500 Km distante - e que dá pra fazer piquenique na Av. Afonso Pena!
Logo, logo, eu descobri que o supermercado onde estavam aquelas coisas todas de que eu precisava não abriu; também não abriu o outro que deveria ter pelo menos algumas daquelas coisas de que eu precisava e até mesmo o sacolão que poderia ter mínimo das coisas de que eu precisava. Atenção para o fato que mais ou menos 1 quilômetro separava um do outro e eu não ia cair na asneira de pensar que teria a mesma "sorte" do ônibus aparecer tão rápido. Foi "de a pé", mesmo.
Então, toca para casa - aí esperei mais ou menos 40 minutos para a condução passar. E dei sorte.
Mas o que é cansaço para uma cozinheira experiente que não se aperta e acha que, com um ovo, farinha de trigo, meia moranga, 5 batatas da para fazer uma massa de torta bem saborosa.
Daria, se a massa não resolvesse virar um grude que nem se eu tivesse sociedade com a Vilma soltaria da minha mão. Mas nada que uma boa untada na forma e muuuuita paciência não desse jeito. Como todos, talvez, já saibam, agora sou vegetariana. Já que o Léo e a Isabela não estão em casa (exigentes!!!) e o Frederico é muito compreensivo, o recheio da torta seria um refogado suculento com alho, cebola, berinjela, alcaparras, milho verde e algumas especiarias(os derradeiros ingredientes disponíveis na residência Tunes e Sousa). Detalhe que não pode ser ignorado: o Frederico d-e-t-e-s-t-a berinjela. Outro detalhe que não posso relegar ao esquecimento: o refogado virou uma coisa babenta e sem graça que só o Universo explica!
Comemos. Fazer o que?
Mas prometi para o Frederico que ele seria recompensado mais tarde. Foi assim que descongelei um peito de frango e levei ao fogo para cozinhar para desfiar e fazer umas coxinhas para o lanche agora da noite. Enquanto temperava o frango pensei que minhas agruras dariam um post razoável. Vim para cá escrever.
Quero deixar bem claro - são 19:19h - acabo de voltar da cozinha: o caldo em que o frango cozinhava secou, queimou, a casa está empesteada com uma fumaça horrorosa e está chovendo, portanto, não posso abrir as janelas o suficiente para esse fedor sair mais rápido.
Se, eu disse se, o telefone funcionar, vou pedir uma pizza!


sexta-feira, 4 de março de 2011

Tudo Começou num Carnaval!



Era uma vez, numa época remota na linda cidade de Belo Horizonte, então conhecida como Cidade Jardim, um rapaz muito simpático e muito noivo chamado Fábio Tunes. Acreditem, aquele descendente de italiana e português, tocava tamborim em um bloco caricato chamado Os Bocas Brancas da Floresta - o que comprova que de batuque ninguém pode tentar entender. E já que falamos de Brasil, mesmo no pacato estado de Minas Gerais, tinha chegado o Carnaval!
Naquele tempo o Carnaval tinha outra cara: a serpentina não matava, o lança-perfume só perfumava, e o verbo era brincar o Carnaval, não, se acabar. As pessoas se fantasiavam em vez de se uniformizar com os abadás da vida... Enfim (mesmo não estando no fim da história), quero deixar bem claro, o Carnaval tinha mesmo outra cara.
Nessa mesma época, havia uma mocinha muito simpática e graciosa e bonita e sapeca chamada Olga (Olguinha para os amigos) que havia fugido de casa para brincar o Carnaval (entenderam o sapeca?).
É que naquele tempo, para uma donzela ir para uma balada exigia uma operação mais ou menos complicada: tio/tia, irmão mais velho - de companhia - , vizinha implicante e fofoqueira espreitando pela janela, mocinhas à beira de um ataque de nervos planejando fugas espetaculares, pais severos que proibiam as filhas de tudo que poderia fazê-las "faladas", mães que se ajoelhavam com um terço nas mãos pedindo para a Quarta-Feira de Cinzas chegar logo, etc.
Foi assim que num suave sarau animada folia de 1960, se encontraram os nossos heróis. Ela, vestida de Peter Pan; ele, com a cara pintada de preto, boca pintada de branco, camisa listrada, por aí. Entre martelinhos de plástico, confetes e samba legítimo, começou uma paquera (ancestral da azaração) que: detonou um noivado (nosso irresponsável simpático mocinho não voltou à casa da noiva nem para dar tchau ou qualquer satisfação), um ano depois se transformou em casamento e cujo um dos três frutos lhes escreve nesse momento.
Os carnavais vieram e se foram. Inúmeros. Mas aquele foi especial. Que inexplicável e maravilhosa é a vida! De atos subversivos surgiu uma união - tempestuosa, mas união.
Eu nem sou muito chegada em Carnaval, mas posso me considerar uma filha legítima da mais brasileira das festas, sou descendente da folia!

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Não Sofrerão por Minha Causa


Que vergonha, né? Cheia de resoluções para o novo ano e tão vazia de postagens no blog... Mas vou compensar o abandono e dar mais atenção à esse espaço que comecei com tantas boas intenções ("meixmo" que o inferno esteja cheio delas)!
Houve motivos para a desacelerada: falta de tempo e falta de computador. O segundo, acaba de ser resolvido. O primeiro, vou ter que me virar. E como a gente vira! A última novidade é que acabei de virar vegetariana. Aboli as carnes da minha dieta (mas não da minha vida, fique claro: a turma aqui de casa se recusou a me acompanhar na nova jornada). Resolvi que alguém tão "bicheira" quanto eu não poderia ser incoerente e ignorar o sofrimento e a crueldade a que são submetidos os animais que frequentam - contra vontade - a nossa mesa. Recebi este e-mail. Não consegui assistir tudo. Chorei um bocado. Resolvi que nenhum animal passaria por isso por minha causa. Não está sendo fácil. Quando chego do trabalho passo em frente a uma lanchonete e o cheiro do bacon me cutuca o nariz, faz cócega no cérebro e encharca a minha boca de saliva. Mas, se eu consegui parar de fumar, consigo qualquer outra coisa. Abro um parêntese: O Papai falava que quando eu conseguisse parar de fumar, apareceria no jornal - na área do obituário - já que eu só pararia morta! Fecho o parêntese afirmando que estou vivinha!
O "polvo" aqui de casa não leva muita fé em mim, mas já faz 3 semanas que estou conseguindo, bravamente, manter minha convicção. Nota 10, com louvor! Nem peixe? Nem peixe, crustáceo, fruto do mar, marisco, lagosta ao thermidor, camarão na moranga, moqueca, srlurp (baba escorrendo)... nada!
Tem que ter humor para aguentar, né? Como disse um famoso (quem?): Comecei uma nova dieta e em quinze dias já perdi duas semanas!
Nada disso, estou me sentindo muito bem. E vamos que vamos que a frutas são maravilhosas, as verduras são...verdes, os legumes muito saborosos e a consciência vai muito bem, obrigada. Ah, continuo com ovos e derivados do leite.
Outra coisa, os comentários estão abertos a pitacos e dicas.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Aprendendo a Ganhar


Pois é...
Depois de um textinho um tanto quanto pretencioso (o Frederico disse "um saco") do último post, vamos a um português mais "segunda à sexta-feira" e falar de um assunto bobo, chato e feio: Idade e trabalho.
Nem todo mundo sabe, mas depois muitos anos em uma empresa, fui demitida quando retornava de um longo afastamento por causa de um acidente doméstico. Sem julgamentos, aqui. A questão é que depois de uma certa idade a recolocação profissional pode se transformar em drama. Pode, não.Vira mesmo!
De repente, com minha capacidade inteiraça, gás total e necessidade bombando fui sendo defenestrada de empregos cada vez mais medíocres com salários cada vez mais...menos, digamos. Eu não pulava de um emprego para outro. Eu caía de um lugar para o outro, carregando frustração e ainda sorteada com humilhações. Podem crer que não é bolinho ser demitida, ser chamada de incompetente por não me adequar a uma linha de produção à la Tempos Modernos em que o lema é "produza mais e pense o mínimo" e para qual fui contratada para vender rolamentos e o único produto que não havia em estoque era... rolamento!
Isso deixa marcas. Ainda mais em uma pele que, se ainda não virou pergaminho, já perdeu o viço dos 20 aninhos, ora se perdeu!
Para conseguir recolher os caquinhos do orgulho dispersos aqui e ali, olhar para o marido, filhos e outros familiares sem pestanejar e tentar convecer a alma de que você ainda tem remédio é preciso muuuita força! Usando uma expressão bem batidinha, a gente se sente o próprio bagaço de uma fruta.
Que mercado de trabalho é esse? Que sociedade é essa que discrimina o velho? Mesmo o velho que nem é tão velho assim? Que falta de respeito é essa que descarta uma bagagem inteira de experiência, vivência e capacidade? Que molde está sendo feito para nos enquadrarmos e que fica obsoleto tão rápido? Quem é que determina que invejáveis são os heróis feitos de carne malhada e silicone que lagarteiam e "jogam com tanta competência" sob dezenas de câmeras e milhões de telespectadores? Como descartar quarentões, cinquentões e outros "ões" disponíveis, dispostos e capazes, não de ganhar a vida, mas de trabalhar e contribuir para a sociedade?
Hoje, mesmo que financeiramente não esteja lá essas coisas, a auto estima está íntegra e invejável a disposição. Não é sacrifício algum, pelo contrário, sair para o trabalho diariamente e perceber quanta coisa está sendo e ainda mais pode ser feita. E planejar a carreira e ter voltado a estudar, e ser requisitada para mais e mais contribuições, e ser admirada pela família, respeitada pelos colegas e elogiada pelas pessoas a quem sirvo... é para agarrar com as duas mãos (mais, se tivesse) e tentar fazer sempre melhor.
Eu não sou a única. Quantos esperam uma chance! Inúmeros são os que se afundam em desesperança e acabam por submeter-se a uma vida(?) insatisfatória e deprimente.
A idade não incapacita, apenas exige adaptações. O mundo é tão vasto, disse o Poeta, e inúmeras deveriam ser as oportunidades. Infinitas podem ser as portas por onde entrem os que querem e precisam trabalhar.
O tempo faz apenas trocas: perde-se um grau nos olhos e ganha-se quilos de sensibilidade. Adquire-se algumas rugas enquanto diminui a ignorância. É a balança da vida.
Só fica no prejuízo mesmo, quem desistiu de ter fé no ser humano.

Imagem: http://quiprona.wordpress.com/2009/06/20/momento-poetico-e-filosofico/

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Convite: R.S.V.P.


Para a a casa dos meus sonhos estais convidados.
Chegais bem cedo, a tempo de vos despedirdes do orvalho que da lugar aos raios do sol.
Guardai a bagagem (de nada precisareis além dos sentidos com que vos brindou a natureza), da bica bebei a água pura e fresca e à mesa tomai assento.
Fim do cerimonioso tratamento.


Comeremos o pão ainda sabendo ao calor do forno. Da manteiga mais cremosa o besuntaremos e nos caberá combinar com queijos , geléias translúcidas e apetite autêntico. O café recém torrado e passado imediato.
Prelúdio ideal de um dia perfeito.


O ócio terá lugar no gramado, na cachoeira cantante e nas conversas animadas no jardim.
Mas com nostalgia e alma leve, pode por as mãos em obra quem quiser se ocupar de conversar com a terra e trocar segredos de plantio, germinação e colheita. Ensejo haverá também para quem queira lidar com as criaturas que mugem, relincham, latem, grunhem ou cacarejam.


Minha casa é plena de bicharada, verdura e "frutuosidade"!


Quem se alegrar com música, quem quiser se jogar na faina das panelas, quem gostar de se jogar nos... jogos, apreciar a natureza, passeios sem destino, aproveite: esse dia é consagrado ao deleite.


Permeando tudo, a comunhão.
Entre nós e o mundo. Entre mim e vós.
Entrementes, as boas lembranças.
Dos que se foram e dos que permanecem, mesmo mudados.
Enquanto isso, a aspiração veemente do que há de vir digno, sábio, pacífico e venturoso.


Novamente a mesa posta: A água, o vinho e a massa envolvida em rubro molho + as risadas, as brincadeiras, a alegria compartida + as frutas frescas, cristalizadas ou adoçadas nas compotas aromáticas + a sesta (ou quilo) rematando a comilança.



A tarde nos encontrará recompensados. Estaremos felizes procurando a primeira estrela. Aquela que prenunciará inumeráveis companheiras.



A brisa se unirá ao nosso abraço enlaçando com carinho. Beijará amorosamente cada rosto, como eu.
Ireis contentes. Deixareis a promessa de breve encontro.