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terça-feira, 25 de maio de 2010

Tia Veny



Que eu gosto de contar casos, é mais que evidente. Se for caso de família, então! Divertir e lembrar. Mais que tudo, homenagear quem simplesmente É, ou quem naturalmente FOI a sua própria verdade e, também por isso, dignos de muito amor, muita admiração.

O passar do tempo traz óbvias descobertas: tão ali na nossa frente que precisam de distanciamento para que se descubram os detalhes.

Chega de nhén-nhén-nhén (como dizia uma figura de merecido esquecimento). Vamos aos fatos.

Fato n.º 1:
O meu avô Antônio trabalhava em uma empresa que abria estradas: a finada Construtora Triângulo, do Doutor Edmir Gomes. Faz mais de 70 anos anos, isso. Imaginem a dificuldade, naquela época, de desbravar terras, derrubar árvores, frequentar o lugar-nenhum. A família ia junto! Moravam em acampamentos, meio ciganos, irmãos nas necessidades e nas conquistas de cada quilometrinho - existe isso? A Mamãe era a filha mais velha e quando chegou o tempo dos estudos, teve que ir para um internato. Colégio de freiras, em Goiás. Muito rigoroso, mas onde fez grandes amigas (inclusive aquela da qual veio inspiração para o meu nome!). Todo mês, o Vovô enviava para o internato caixas de doces que a Vovó fazia, frutas e mel que ele colhia nas matas. A Mamãe contava que as freiras adoravam e tinham uma "quedinha" por ela por causa disso.

Fato n.º 2:
Era muito difícil ficar longe da família e então, surgiu a solução perfeita: Ela viria para Belo Horizonte morar com a irmã da Vovó, a Tia Veny.Essa é a personagem da minha história de hoje, que já está ficando muito comprida, mas essa saudosa e querida tia merece cada letra, cada ponto e cada vírgula desse espaço.

Fato n.º3:
A Mamãe foi recebida como uma filha. Nasceu, então, uma amizade e uma ligação além da vida e além da morte. A Mamãe me contava como era grata à tia Veny e o quanto aquele período da sua vida foi importante. Estudava no Colégio Monte Calvário e em casa, aprendia as prendas com a tia. Porque essa tia possuía as mãos mais capazes que se possa imaginar. Seus bordados, sua comida, suas violetas, seu bom gosto. Inesquecíveis!

Fato n.º 4:
Tenho que abrir mais um parêntese, aqui. Como é que, vinda de uma família com os dons de lavores tão perfeitos, eu vim nascer com duas mãos praticamente esquerdas? Mistérios da natureza!!!! Fechando parêntese.

Fato n.º 5:
Mais que lições de artes domésticas, seu exemplo de caráter e de fortaleza moral deixaram marcas profundas. Uma mulher, em todos os sentidos, admirável!

Fato n.º 6:
Te beijo, tia Veny, com muita saudade!


(desculpe, Cristiano, afanei essa foto do seu orkut)

Um casinho, para ilustrar:

A tia Veny foi ao banco, no Barro Preto, fazer um saque. Na porta do banco um ladrão lhe rouba a bolsa. Ele corre atrás do marginal, que dispara e atravessa a Avenida Augusto de Lima. O bandido pula na traseira de um ônibus.A tia Veny para um táxi e diz uma famosa frase: "Siga aquele veículo". Ela o alcança na Praça Raul Soares e, com a ajuda do motorista do taxi, recupera a bolsa roubada. Ela era uma autêntica brasileira, não desistia nunca! Detalhe: ela já tinha mais de sessenta anos.

Créditos Fotos: 1.ª- Acervo Pessoal ; 2.ª- Cortesia Cristiano Gatti

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